Com emoção, o filho de Uvalde Matthew McConaughey pediu maior controlo de armas

O actor nascido em Uvalde, terra onde ocorreu o massacre de Maio, pediu “escolas protegidas e seguras” e leis de controlo de armas. Num discurso de 22 minutos na Casa Branca, o actor contou ainda histórias pessoais de algumas das vítimas - 19 crianças e duas professoras.

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O actor contou histórias pessoais de algumas das vítimas, mostrando as obras de arte de Alithia Ramirez e os ténis verdes de Maite Rodriguez EPA/JIM LO SCALZO

O actor norte-americano Matthew McConaughey pediu esta terça-feira ao Congresso dos EUA que aprove legislação sobre controlo de armas em honra dos alunos e professoras que morreram em Maio num massacre na sua terra natal, Uvalde, no Texas.

“Queremos escolas protegidas e seguras e queremos leis das armas que não tornem tão fácil aos tipos maus obterem as malditas armas”, disse o actor oscarizado num discurso de 22 minutos na Casa Branca.

Num discurso altamente pessoal, McConaughey exortou o Congresso a “alcançar um nível mais alto” e aprovar legislação que pode salvar vidas sem infringir os direitos previstos na Segunda Emenda à Constituição dos Estados Unidos da América, que protege o direito ao porte e uso de armas.

McConaughey, que no início deste ano chegou a considerar candidatar-se a governador do Texas, reuniu-se brevemente com Biden antes de se dirigir aos jornalistas na sala de imprensa da Casa Branca.

Ele próprio proprietário de armas, o actor usou o seu estatuto de estrela de Hollywood para argumentar a favor da necessidade de legislação de controlo de armas de uma forma que o Governo do Presidente Joe Biden não tem conseguido, descreve a agência de notícias Associated Press, que divulgou um excerto do discurso nas redes sociais.

Matthew McConaughey, que nasceu em Uvalde – cidade onde, no dia 24 de Maio um jovem armado matou 19 crianças e duas professoras numa escola básica deixou clara a sua ligação à cidade, detalhando vividamente a perda das 21 vidas no segundo pior tiroteio em massa na história dos EUA.

O actor contou que a sua mãe foi educadora num jardim-de-infância a menos de dois quilómetros da escola onde ocorreu o massacre e sublinhou que foi naquela pequena cidade do Texas que aprendeu a responsabilidade que advém da posse de armas. “Uvalde foi onde aprendi a reverenciar o poder e a capacidade da ferramenta que chamamos de arma. Uvalde foi onde aprendi sobre a posse responsável de armas”, disse.

Sem responder a perguntas, McConaughey disse que, juntamente com a mulher, se deslocou à cidade no dia a seguir ao massacre e passou tempo com as famílias de algumas das vítimas, assim como com outras pessoas directamente afectadas pelo ataque. Todos os pais com quem falou exprimiram o desejo de que “os sonhos dos seus filhos persistam”.

“Eles querem que a perda das suas vidas seja importante”, afirmou.

O actor contou ainda as histórias pessoais de algumas das vítimas, mostrando as obras de arte de Alithia Ramirez, que sonhava frequentar uma escola de artes em Paris, ou os ténis verdes de Maite Rodriguez, que queria ser bióloga marinha e desenhara um coração na ponta de um dos seus ténis preferidos para mostrar o seu amor pela natureza.

McConaughey reconheceu que uma melhor legislação sobre armas não porá fim a tiroteios em massa, mas defendeu que há medidas que podem ajudar a reduzir as probabilidades de estes acontecimentos se repetirem com tanta frequência.

“Precisamos de investir em saúde mental. Precisamos de escolas mais seguras. Temos de restringir a cobertura mediática sensacionalista. Precisamos de restaurar os nossos valores familiares. Temos de restaurar os nossos valores americanos e precisamos de uma posse de armas responsável”, frisou.