Pessoas com 80 ou mais anos e residentes em lares recebem quarta dose a partir da próxima semana
Vacinação nos lares inicia-se na segunda-feira e as pessoas a partir dos 80 anos começam a ser inoculadas durante a próxima semana. Directora-geral da Saúde admite quinta dose para os mais idosos e vulneráveis dentro “de quatro a seis meses”
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) decidiu antecipar a administração da quarta dose (ou segunda dose de reforço) da vacina contra a covid-19 às pessoas com 80 ou mais anos e às que vivem em estrutura residenciais para idosos. Na segunda-feira arranca já a operação nos lares de idosos e, durante a próxima semana, em dia ainda a definir, começam a ser inoculadas as pessoas com 80 ou mais anos, em centros de vacinação ou nos centros de saúde. A decisão foi tomada "com o objectivo de melhorar a protecção da população mais vulnerável, face ao actual aumento da incidência de casos de covid-19 em Portugal”, explicou a DGS, em comunicado.
A população elegível para a vacinação com a quarta dose ascende a cerca de 750 mil pessoas. Estas “devem ser vacinadas com um intervalo mínimo de quatro meses após a última dose ou após um diagnóstico de infecção por SARS-CoV-2, ou seja, este reforço abrange também as pessoas que recuperaram da infecção”, esclarece a DGS, acrescentando que serão convocadas através de agendamento local, de SMS ou chamada telefónica, como aconteceu noutras fases da operação de vacinação contra a covid-19.
Ao mesmo tempo, passam também a ser elegíveis para receber uma dose adicional da vacina “as crianças e jovens entre os 12 e 15 anos com condições de imunossupressão”, na sequência de parecer favorável da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19. Os jovens com estas condições serão vacinados de acordo com orientação e prescrição médica.
A vacinação dos mais idosos com a quarta dose já tinha sido anunciada pelo Governo, mas previa-se que arrancasse apenas a partir do final de Agosto ou início de Setembro, como adiantou na semana passada a ministra da Saúde, Marta Temido. Foi agora antecipada porque o número de novos casos de infecção está a aumentar de forma acentuada nos últimos dias.
DGS não sabe ainda se já estamos na sexta vaga de covid-19
Lembrando que a decisão de administrar a quarta dose já tinha sido tomada há algum tempo, a directora-geral da saúde explicou, entretanto, em entrevista à RTP, que este “reforço seria dado agora ou mais tarde, perto da onda sazonal do Inverno, conforme a evolução do vírus e da epidemia”, sendo que devido ao aumento de casos nos últimos dias, se considerou que “estava na altura de começar a protecção adicional dessa população mais vulnerável”.
Graça Freitas admitiu ainda que, passados “quatro a seis meses”, se poderá equacionar “um novo reforço”, uma quinta dose, de forma a enfrentar a “suposta e provável onda do Inverno”. “A lógica é oferecer às pessoas as doses necessárias para que vão ficando protegidas para cada uma das épocas que se aproximam. Estamos a falar da população vulnerável, não estamos a falar de toda a população”, justificou a directora-geral, que deixou um apelo ao “milhão de pessoas que adoeceram em Dezembro e Janeiro”: “Não se esqueçam de que está na altura de fazerem o reforço agora”.
Quanto à eventual vacinação com a quarta dose de outros grupos etários, Graça Freitas esclareceu que se aguardam os resultados dos estudos que estão a ser levados a cabo noutros países, como Israel, para se perceber se fará ou não sentido abranger também as pessoas a partir “dos 60, 65 anos”. “A questão de, perto do Inverno, poder ser descido o limite [etário], está a ser ponderada”, adiantou apenas.
Relativamente à evolução da epidemia em Portugal, a directora-geral sublinhou que ainda não é possível dizer se estamos já a enfrentar uma nova vaga de covid-19, a sexta vaga. “Nós não temos bem a certeza, porque acontece que esta quinta vaga subiu muito depressa e estava a descer de forma muito acentuada e depois a sua subida inverteu-se. Teve um pico, depois teve um patamar, depois teve uns picos mais pequeninos. Não sabemos se isto é apenas uma flutuação da quinta vaga ou se vai originar uma sexta vaga. Sabemos é que neste momento há um aumento do número de casos”.
Esta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) defendeu que a quarta dose devia ser administrada apenas em idosos ou pessoas com o sistema imunitário fragilizado, repetindo que a vacinação primária a nível mundial é prioritária. “Não há dados específicos que justifiquem recomendar a quarta dose de forma mais generalizada”, sublinhou na terça-feira a a cientista chefe da organização, Soumya Swaminathan, numa conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia da covid-19 no mundo.