Uma das “Marilyns” de Andy Warhol vendida em leilão por valor recorde de 185 milhões de euros
Shot Sage Blue Marilyn (1964), pedra basilar da pop art, torna-se na obra mais cara do século XX vendida em leilão, ultrapassando Les Femmes d’Alger (Version O), de Pablo Picasso.
As expectativas cumpriram-se, e a licitação nem chegou aos quatro minutos: Shot Sage Blue Marilyn, uma das pinturas icónicas do norte-americano Andy Warhol e pedra basilar da pop art, foi vendida esta segunda-feira à noite pela leiloeira Christie's, em Nova Iorque, por um valor recorde de 195 milhões de dólares (185 milhões de euros), tornando-se na mais cara obra de arte do século XX a ser vendida em leilão. Ultrapassou, assim, a anterior detentora do título, Les Femmes d'Alger (Version O), de Pablo Picasso, vendida em Maio de 2015 por 179,4 milhões de dólares (170 milhões de euros), também pela Christie's. Entre os artistas norte-americanos contemporâneos, o recorde pertencia até agora a Jean-Michel Basquiat, com um dos seus “crânios” (Untitled, 1982), vendido em 2017 por 110,5 milhões de dólares (104 milhões de euros) num leilão da Sotheby's.
Esta serigrafia com um metro que retrata Marilyn Monroe sobre um fundo azul com o rosto pintado de cor-de-rosa, cabelo amarelo e lábios vermelhos, faz parte de uma série de cinco pinturas, The Shot Marilyns (cada uma com uma cor de fundo diferente), feita por Warhol em 1964 após a morte da actriz norte-americana, em 1962. Proveniente da colecção privada da Fundação Thomas e Doris Ammann, com sede em Zurique, na Suíça, a obra foi comprada por um dos mais bem cotados comerciantes de arte e galeristas dos EUA, Larry Gagosian, segundo noticia o jornal Los Angeles Times. Este foi também um dos leilões “mais filantrópicos” de sempre: os 185 milhões de euros vão ser destinados a acções de caridade, mais concretamente para a criação de sistemas de apoio de prestações de cuidados de saúde a crianças e programas educacionais.
“Quando pensamos nas mais marcantes imagens da história da arte, pensamos em pinturas como Mona Lisa, de Da Vinci, em O Nascimento de Vénus, de Botticelli, ou em As Senhoritas de Avignon, de Pablo Picasso. Esta obra está na mesma linhagem – é aquela imagem icónica da segunda metade do século XX e que, de uma maneira muito warholiana, tem sido reproduzida infinitamente”, diz Johanna Flaum, responsável pela arte contemporânea e do pós-guerra da Christie’s. "É o pináculo absoluto do pop americano e a síntese do sonho americano, que reúne optimismo, fragilidade, celebridade e iconografia ao mesmo tempo”, afirmou, por sua vez, Alex Rotter, presidente do departamento da arte dos séculos XX e XXI na leiloeira. “Esta pintura transcende o género do retrato.”
Shot Sage Blue Marilyn - construída a partir de uma foto promocional de Marilyn Monroe do filme Niagara (1953) e através de uma técnica “precisa e laboriosa” a que Warhol não voltou depois de terminada esta série -, já foi exibida em alguns dos mais importantes museus do mundo, como o Guggenheim, em Nova Iorque, o Centre Pompidou, em Paris, a Tate Modern, em Londres, o Reina Sofía, em Madrid, ou a Neue Nationalgalerie, em Berlim.
A Casa São Roque, no Porto, irá acolher, a partir de dia 22 deste mês, uma exposição em torno de Andy Warhol. Warhol: pessoas e coisas vai apresentar trabalhos do artista americano e de outros/as autores/autoras internacionais e nacionais, como Jonas Mekas, Robert Mapplethorpe, Anna Ostoya, Jeff Preiss, Eileen Quinlan, Augusto Alves da Silva ou Sara Graça.