Famílias reais europeias manifestam apoio à Ucrânia — e algumas vão acolher refugiados

As casas reais da Bélgica, Dinamarca, Noruega, Países Baixos e Reino Unido declaram estar a apoiar o país do Leste europeu e afirmam-se contra uma “guerra insensata”. E, no caso dos belgas e holandeses, abrem-se até as portas das propriedades para acolher refugiados.

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A escolha de Isabel II de flores azuis e amarelas (cores da bandeira ucraniana) na recepção ao primeiro-ministro canadiano não passou despercebida REUTERS/POOL

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, na madrugada de 24 de Fevereiro, mais de 3,6 milhões de pessoas fugiram do país, segundo o último balanço do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Para fazer face a uma realidade nunca antes vista na Europa, pela velocidade do êxodo, os apoios e movimentos de solidariedade multiplicam-se, e as casas reais europeias não ficam à margem e contribuem com donativos a organizações, mas também com a criação de condições para acolher refugiados.

Família real belga vai acolher refugiados em três das suas propriedades

Filipe e Matilde da Bélgica expressaram, através da conta oficial no Instagram, o seu apoio para com o povo ucraniano, desejando que “esta guerra acabe o mais rápido possível”. Mas a ajuda dos monarcas vai para além das palavras. Com o país à espera de receber cerca de 200 mil ucranianos, aponta a organização Politico, três propriedades reais foram disponibilizadas para acolher refugiados a partir do início de Abril, avança a Royal Trust, organização da realeza belga referida pela revista Town & Country. Os espaços localizam-se em Bruxelas, Valónia e em Tervuren, que já serviu como um centro de vacinação.

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Matilde e Filipe da Bélgica Reuters/YVES HERMAN

Guilherme dos Países Baixos vai abrir palácio a refugiados

Após demonstrar o seu apoio através de um comunicado publicado logo no dia 24 de Fevereiro, o rei Guilherme dos Países Baixos vai seguir o exemplo da família real belga e acolher até 30 refugiados ucranianos no Palácio Het Oude Loo. A propriedade, localizada em Apeldoorn, a cerca de 100 quilómetros da capital do país, Amesterdão, irá receber entre seis e oito famílias em meados de Abril.

Família real britânica apoia a Ucrânia (e tenta acolher refugiados)

Apesar de ainda não ter falado publicamente sobre a invasão da Ucrânia, a rainha Isabel II fez um “generoso donativo” ao Comité de Emergências de Desastres (DEC), um grupo de 15 instituições de caridade britânicas, para a causa Apelo Humanitário da Ucrânia. Entretanto, a 7 de Março, a monarca encontrou-se com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, no Castelo de Windsor. Aí, encontravam-se flores azuis e amarelas, as cores da bandeira da Ucrânia, o que levou a especulações de que seria uma forma simbólica de a monarca demonstrar o seu apoio e tal não foi negado por uma fonte da realeza, abordada pela BBC News, que referiu que “era improvável ser acidental”.

Já o príncipe herdeiro Carlos, numa visita à Catedral Católica Ucraniana, em Londres, descreveu a invasão por parte da Rússia como uma “terrível agressão”, congratulando a “extraordinária bravura, generosidade e coragem” do povo ucraniano.

Actualmente, a família real britânica, inspirada pela acção dos monarcas belgas, “está a procurar um número de formas de oferecer ajuda prática e apoio” aos refugiados, avançou uma porta-voz da realeza, citada pelo jornal Express. Para isso, o príncipe de Gales estará a considerar tornar a sua Dumfries House num abrigo para refugiados, avança o Daily Mail.

No dia 26 de Fevereiro, o príncipe William e Kate Middleton afirmaram, através do Twitter, que “apoiam o Presidente [Volodimir Zelensky] e todo o povo da Ucrânia enquanto lutam corajosamente” por um futuro de “esperança e optimismo”. Face a este apoio, Zelensky agradeceu publicamente ao duque e duquesa de Cambridge na sua conta de Twitter. Tal como a rainha e o seu pai, também William fez uma doação ao DEC, avança o Daily Mail.

Num comunicado publicado no site da organização Archewell, o príncipe Harry e Meghan Markle demonstraram o seu apoio para com o povo ucraniano, afirmando que o ataque russo corresponde a uma “violação da lei internacional e humanitária”. De acordo com a Vanity Fair, o casal já fez doações a seis organizações distintas. Uma delas corresponde à HALO Trust, com a qual Harry já colaborou, em Angola, em 2019. Num vídeo, o duque de Sussex elogiou a organização por “salvar vidas todos os dias”.

Família real da Dinamarca doa mais de 100 mil euros

Desejando o fim da “guerra insensata” no país do Leste Europeu, a rainha Margarida II declarou estar certa de que todos os dinamarqueses estão a apoiar a Ucrânia. “Nós, dinamarqueses, simpatizamos com o povo da Ucrânia e apoiamos todos os que proporcionam alívio e trabalham para salvar vidas”, disse, citada num comunicado no site oficial da família real, onde se informa que “a direcção da Fundação da rainha Margarida e do príncipe Henrique e a direcção da Fundação do príncipe Frederico e da Princesa Maria decidiram em conjunto doar um milhão de coroas dinamarquesas (134.435€, ao câmbio actual) à angariação de fundos Sammen for Ukraine (Juntos pela Ucrânia, numa tradução livre) cujo dinheiro será distribuído por 18 organizações para ajudar as vítimas da guerra.

Paralelamente, o príncipe Frederico, após ter afirmado, na estreia do filme da Netflix Perdidos no Árctico, em Copenhaga, que os “pensamentos [da família real dinamarquesa] estão com o povo ucraniano”, visitou, a 11 de Março, a embaixada ucraniana na capital da Dinamarca.

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Mette-Marit e Haakon, da Noruega Reuters/SUZANNE PLUNKETT

Haakon assegura apoio da Noruega

Com crentes a juntarem-se nas igrejas para rezar pela Ucrânia, o príncipe Haakon e a princesa Mette-Marit compareceram a um serviço pela paz, na Igreja da Santíssima Trindade​, em Oslo. Para além disso, no dia 2 de Março, o príncipe dinamarquês afirmou numa reunião com o Concelho Norueguês de Refugiados, a Cruz Vermelha nacional e a Save The Children, que o país “tem condenado a invasão e apoia a Ucrânia de várias maneiras”. Haakon acrescentou que “tanto o povo ucraniano como o russo deveriam sentir-se seguros na Noruega”.


Texto editado por Carla B. Ribeiro​


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