Devemos elogiar os nossos filhos?
O simples facto de se fazer um elogio em forma de exclamação — “Uau!” —, ou com um gesto, já é o suficiente para surtir efeitos positivos.
Aparentemente parece uma questão de fácil resposta, mas na verdade já houve tempos em que se acreditava que elogiar as crianças era mau, uma vez que podia inflamar de forma desajustada o ego, até momentos em que se pensava exactamente o oposto, em que o elogio foi visto como tendo só efeitos positivos. Mas o que é que a ciência nos diz hoje em dia?
As investigações acerca do nosso cérebro indicam que respondemos de forma positiva ao elogio, sendo sincero e oportuno, e que este resulta, de facto, num fortalecimento da auto-estima, autoconfiança e no reforço do comportamento positivo.
Por exemplo, o simples facto de se fazer um elogio em forma de exclamação — “Uau!” —, ou com um gesto, já é o suficiente para surtir efeitos positivos. Assim como o elogio que reconhece as escolhas ou o trabalho árduo de uma criança, por exemplo: “Ena, esse desenho do sol está espectacular, esforçaste-te muito… bom trabalho!”, pode ser um incentivo para a criança tentar sempre trabalhar para melhorar e mostra que o esforço compensa. Isto é um excelente mindset para o sucesso presente e futuro.
Mas, existe uma parte negativa no elogiar? E por que razão, por vezes, os elogios parecem não funcionar? Alguns estudos mostram que certas formas de elogiar podem, na verdade, ter o efeito oposto, diminuindo a motivação da criança ou mesmo afectando a sua auto-estima. Quando dizemos a uma criança algo do género “és muito inteligente”, ou “és tão esperta”, isto pode ser entendido por ela como um dado adquirido e, por consequência, sentir que já não precisa de trabalhar ou esforçar-se para conseguir atingir um resultado. Pode também ser interiorizada a ideia de que para se sentir bem ou “um bom menino” tem sempre de receber um elogio, e pode também, no caso de crianças com baixa auto-estima, promover o evitamento de novos desafios por sentir que, provavelmente, não irá atingir o mesmo resultado positivo de quando foi elogiada.
Além disso existem também as consequências dos “falsos elogios” que muitas vezes são entendidos pelos pais como uma forma de reforçar a autoconfiança do filho, em particular se o sentem inseguro. Mas isso pode ser “um tiro que sai pela culatra”, retirando o efeito positivo do elogio. As crianças são exímias a detectar mentiras e é muito fácil para elas perceberem quando os elogios não são sinceros, ou quando estão a ser usados de modo manipulador.
Então, como elogiar de forma saudável?
Encoraje o seu filho sempre, e não só quando ele faz algo bem
As crianças precisam saber que as valorizamos e amamos, independentemente de tudo. Aliás, é exactamente quando as coisas não correm bem, ou não conseguem fazer algo, ou estão a sentir-se desorientados, com raiva, etc., que mais precisam do nosso suporte e encorajamento.
Foque-se no esforço
Elogie o esforço que foi necessário e não só a conquista da criança. Por exemplo: em vez de dizer “Uau, és muito bom a fazer puzzles”, diga “Uau, realmente esforçaste-te para fazer o puzzle e não desististe!”.
Seja honesto
Mesmo os mais pequeninos, conseguem identificar quando um elogio não é sincero… Isto pode dar à criança a percepção de que está a ser manipulada, ou de que não é valorizada, que os pais não acham que seja capaz. De um modo ou de outro, isto trará consequências negativas na sua autoconfiança e mesmo nas interacções sociais futuras. O melhor modo de lidar com uma situação em que a criança não conseguiu fazer algo é apontar honestamente as razões, transformá-las num desafio (em vez de ser num problema) e encontrar soluções para ajudá-la a ultrapassá-lo.
Agradeça
Parece simples e sem relevância? Quando dizemos “obrigado” aos nossos filhos, eles sentem-se apreciados. Quando nos sentimos apreciados e valorizados, sentimo-nos melhor em relação a nós próprios.
Elogie sem comparar
Quando o elogio vem com uma comparação com outras crianças, isso pode causar dois tipos de consequências negativas. Por um lado, pode espoletar na criança uma tendência para ser excessivamente competitiva; por outro lado, ao comparar-se com alguém que desempenha melhor a actividade a que se propôs, pode desmotivar logo de início e nem sequer ter motivação para tentar.
Siga estas dicas e acredite, estará a elogiar a sua criança de um modo adequado e a promover o saudável desenvolvimento da sua autoconfiança!