Professor, procura-se
Não há professores com habilitações e há professores a leccionar sem habilitações adequadas. Para ajudar à contextualização observamos as saídas da escola por doença, o número de reformas a subir, o envelhecimento dos professores a aumentar e o baixo número de inscritos em cursos de ensino.
Continua a procura de professores por todo o pais, em particular na zona de Lisboa e Vale do Tejo. Faltam professores essencialmente de Informática, Português, Geografia, Matemática e Físico-Química. No início do ano, a falta de professores nos colégios privados também se fez sentir, principalmente, devido às consequências de má gestão durante os tempos de confinamento.
A falta de professores deve-se em grande parte ao baixo investimento na profissão por parte das autoridades competentes e à acção da sociedade há mais de duas décadas em que sistematicamente bombardeou os professores como sendo os responsáveis por tudo, essencialmente, o menos bom, que acontecia na escola.
Fazendo uma abordagem de coach à questão, o problema é a falta de professores. Não há professores com habilitações e há professores a leccionar sem habilitações adequadas. Para ajudar à contextualização observamos as saídas da escola por doença, o número de reformas a subir, o envelhecimento dos professores a aumentar e o baixo número de inscritos em cursos de ensino.
A necessidade de os alunos terem aulas, de não terem furos nos horários, de terem professores que os preparem para a normal progressão e para os exames nacionais é uma exigência ao sistema. O pedido inerente a todo este problema é simples: como fazer para os alunos terem aulas?
Como desenvolver um plano a curto, médio e longo prazo para que este problema tenha uma resolução no agora imediato, se prolongue por daqui a uns anos e que sejam medidas sustentáveis a longo prazo? No que temos de pensar para conseguirmos alcançar alguns resultados? Como vamos espicaçar a criatividade?
Para começar, as ideias e métodos dos outros podem ser bons, mas não são os nossos e podem não funcionar connosco. Como podemos aproveitar para o nosso contexto o que fazem os outros? Conhecendo muito bem o nosso contexto e conceber e planificar planos com realismo. Como podemos flexibilizar ou mesmo reconstruir as habilitações para a docência? Será que para o ensino básico e secundário apenas um filósofo pode leccionar Filosofia? Será que o problema está na falta da parte científica? Quais são as características que um professor tem de ter? Ser professor integra tarefas cada vez mais complexas e exigentes, que nada tem a ver com o saber científico de formação de base do professor.
A formação dos professores deve contemplar a componente de desenvolvimento de componentes sociais de educação, de skills imprescindíveis à sua condição, como seja a escuta activa, o ser inspirador, motivador, colaborante na consciencialização do processo de aprendizagem de cada aluno, na gestão de planos de desenvolvimento e metas a alcançar, encontrando com cada um, com cada aluno, o seu próprio caminho para lá chegar. Tudo isto com mentoria por outros professores, com supervisão e feedback para desbloquear os seus pontos cegos na competência de ensinar e ainda com actualização técnica da sua formação de base.
Está fácil de ver qual a componente maior de aprendizagem contínua e desenvolvimento que um professor deve ter. Sempre se tem insistido na actualização técnica dos docentes, não querendo ver o problema de difícil convivência entre alguns professores e alunos, por um deficit de autoconhecimento e de desenvolvimento de competências sociais dos professores e dos alunos. Os planos de saúde e bem-estar devem ser imprescindíveis nas escolas.
Os planos de desenvolvimento pessoal e de competências sociais igualmente. Muitas vezes os alunos não aprendem determinada matéria, não é porque o professor não saiba o que está a dizer, mas precisa de investir no como fazer. E tudo isto nós conseguimos observar em alguns planos educativos noutros países.
Muito tem de mudar no nosso mindset sobre o ensino, para que ele possa evoluir até ao século XXI. Às vezes ouço que os planos de formação de professores parecem entretenimento. Será? Como se pode aferir desenvolvimento pessoal? Como medir a eficácia de um programa de mentoring? Se o investimento na verdadeira aprendizagem contínua dos professores for com a intenção de clara evolução, então serão estabelecidos programas de aprendizagem e acompanhamento com princípio, meio e fim. Tem existido um menor gasto de dinheiro na educação, porque não existem tantas crianças. Que esse factor seja motivo para capacitar os profissionais da educação, investir na sua formação e na sua carreira salarial, pois só dessa forma é que a carreira docente será atractiva para quem sente o apelo à vocação de ser professor.