A palavra Mustang remete para a ideia de potência indomável e terá sido por isso que a Ford, em 1964, adoptou o nome do cavalo selvagem das pradarias americanas para aquele que foi um dos primeiros muscle cars da história do automóvel. Por isso, dar rédeas livres à sua nova aventura eléctrica, dotando-a de mais potência do que o poderoso V8 de 5,0 litros com 480cv do Mustang Mach 1 coupé, era quase um “dever”.
Assim, depois do Mustang Mach-E, que se apresentou com potências de respeito, entre os 269cv e os 351cv, e que logo no mês de estreia, em Agosto, se tornou o eléctrico mais vendido em Portugal, a Ford avançou para a declinação GT que, resumidamente, traz ainda mais potência e binário: são 487cv e um binário máximo de 860 Nm que, disponível desde o primeiro instante, é superior ao de um Porsche 911 Turbo S… Tudo isto, claro, reflecte-se na aceleração: não obstante as suas quase 2,3 toneladas, o Mustang Mach-E GT acelera de 0 a 100 km/h em escassos 3,7 segundos – algo que nos cola com severidade ao banco e que não será fácil de experimentar no dia-a-dia.
Para o conseguir, a Ford explica que mexeu nas características dos motores e das baterias de iões de lítio, com capacidade de 98,7 kWh (mas apenas 88 kWh de capacidade útil). Isto admite que, mesmo esbanjando potência, o automóvel se apresente com uma autonomia muito interessante de 500 quilómetros – ainda que, para a conseguir, seja necessário tratá-lo com a suavidade que ele não parece desejar. Ainda assim, se se conseguir um alcance de 400 quilómetros por cada carregamento, o GT continua a ser um eléctrico capaz de não provocar qualquer ansiedade.
Depois há outras características específicas desta versão, que teve um tratamento especial nos modelos com a Europa como destino. Afinal, explicavam-nos aquando da apresentação internacional na Croácia, o Mach-E “foi feito a pensar nas estradas americanas, mas também nas europeias”, ou seja, nos EUA, o carro foi trabalhado para percorrer infinitas rectas, enquanto no Velho Continente recebeu uma suspensão de amortecimento variável MagneRide capaz de fazer frente aos traçados sinuosos e de se adaptar instantaneamente à mudança abrupta de piso.
Se acelera mais, também trava com mais força: além de apresentar pneus desenvolvidos especificamente para este modelo, em conjunto com a Pirelli, “para uma excepcional aderência e estabilidade lateral”, os discos de travão dianteiros ventilados Brembo são os maiores de qualquer modelo Mustang Mach-E.
Entre as especificidades, há um novo modo de condução, o Untamed Plus, que torna mais instantânea a resposta do acelerador, endurece a suspensão e no qual, graças a um sistema artificial de som, até parece que ouvimos as mudanças a entrar.
Certo é que, em termos dinâmicos, pelo que pudemos experimentar, parece-se muito pouco com um automóvel eléctrico, mas não pensem os puristas fãs do emblema Mustang que se aproxima por isso das sensações de um V8… Para tirar as teimas, há que aguardar pela Primavera, altura em que deverão começar a chegar as primeiras unidades. No entanto, já há preço: apresentar-se-á a partir de 74.769 euros.