Se vencer directas, Rui Rio admite que PSD possa concorrer às legislativas coligado com CDS
A decisão não está fechada, mas Rui Rio afirma que está mais inclinado para concorrer em coligação com os centristas e destaca a simpatia que nutre por Francisco Rodrigues dos Santos. No entanto, ainda é preciso atravessar as directas e ouvir o partido.
A cerca de duas semanas das eleições directas do PSD (e a dois meses da campanha para as legislativas antecipadas), Rui Rio não tem trunfos na manga, mas confia que o trabalho de líder da oposição durante quatro anos deverá falar por si. Em entrevista à Antena 1, o líder do PSD desvalorizou os comentários de Cavaco Silva sobre a estratégia de oposição nos últimos anos, reconheceu que não tem a maioria das estruturas políticas do seu lado e queixou-se das “permanentes críticas” de um aparelho partidário que nunca lhe foi favorável.
Ainda com tudo em aberto, Rui Rio admitiu ainda que “tendencialmente” – e caso ganhe as directas – está mais inclinado para concorrer às legislativas em coligação com o CDS, ainda que sublinhe que não é uma decisão fechada, mas uma preferência pessoal, que dependerá também do calendário interno do partido (embora reconheça também que o CDS “não está num período fácil”). Não obstante essa sua preferência, o líder do PSD também admite negociar um acordo parlamentar com o PS de pelo menos “dois anos”.
Rui Rio voltou a garantir que abdicará de formar Governo se para tal for necessário incluir o Chega no executivo e admite negociar apenas com a Iniciativa Liberal (IL) e o CDS. “Ganhando o PSD, o que devo fazer é procurar um acordo à direita – leia-se a IL e o CDS. Não vejo problema que elementos da IL e CDS possam integrar o Governo”, declarou. Sobre o Chega, acrescentou: “Já fui claro e é pacífico dentro do PSD que com o Chega não existirão acordos”. Confrontado sobre se isso seria uma decisão definitiva, mesmo podendo perder a liderança do país para o PS, Rio não recuou. “Se eu digo ‘coligação não’ e ele diz que ‘só assim’, o problema está resolvido”, simplifica.
Mas um acordo à direita não é o único cenário em cima da mesa para Rio. O líder social-democrata não esconde que prefere um “acordo parlamentar” que permita “reformas de fundo que o país precisa”. Admito que possa ser complicado fazer um acordo parlamentar de legislatura, mas pelo menos metade da legislatura seria mais sensato”, disse, acrescentando que depois se poderia “fazer um balanço ao fim de dois anos”. Além disso, “ao contrário do que aconteceu nesta legislatura, [o PS] devia estar disponível para negociar no sentido de viabilizar um Governo do PSD”, considerou. “Acho muito mais estável um acordo de legislatura do que acordos pontuais, lei a lei ou Orçamento a Orçamento”, declarou. Sobre as diferenças em relação a António Costa, Rio apontou ao primeiro-ministro a “falta de vontade em fazer reformas”.
“Temos de fazer acordos sem suicídios políticos. É possível conciliar as coisas e defender o país em primeiro e o partido em segundo”, argumentou, antes de deixar um recado: “Estão ali pessoas que só estão a pensar na sua lista de deputados e na sua inclusão nas mesmas...”
Rui Rio desdramatizou o silêncio de Francisco Pinto Balsemão, que nas últimas directas apoiou o actual líder do PSD. “Tomou uma atitude digna”, resumiu. Rio argumentou que tem uma amizade de muitos anos, mas que Pinto Balsemão tem também uma “relação pessoal” com o seu adversário, Paulo Rangel, pelo que decidiu não apoiar formalmente nenhum candidato.
Sobre o seu afastamento da vida política caso perca as directas, Rio diz que há um “altíssimo grau de probabilidade” de se afastar, mas que nada é definitivo. Já caso vença as directas, mas depois perca as legislativas, Rio respondeu que “isso vai depender de diversos factores”.