Minha doença, meu amor
Freud escreveu que a hipocondria era o estado de se apaixonar pela própria doença. E, se repararmos, é mesmo isso que acontece, ainda que a doença seja apenas imaginária. O problema é que esta paixão é tão avassaladora que, muitas vezes, se sobrepõe a tudo e todos.
Glenn Gould nasceu em Toronto em 1932 e aprendeu a tocar piano com a mãe desde tenra idade. Entrou para o conservatório com dez anos, tendo-se dedicado ao estudo de piano e órgão e, alguns anos depois, tornou-se o maior intérprete de Bach de sempre e atingiu recordes de vendas que, até hoje, não voltaram a ser alcançados em música clássica para piano solo. Mas não é sobre a sua genialidade enquanto pianista ou sobre a sua excentricidade que escrevo hoje. Escrevo sobre Glenn Gould como podia escrever sobre Charlotte Brontë, Darwin ou Marcel Proust, todos atormentados por uma hipocondria verdadeiramente castradora.
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