“Consumir pão ao pequeno-almoço deve ser um hábito a recuperar”

Em Dia Mundial do Pão, que se assinala este sábado, a Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil quer pôr aquele cereal na mesa das crianças.

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Teresa Pacheco Miranda/Arquivo

O pão surge em muitas dietas como um inimigo a aniquilar, no entanto, quando se olha para a dieta mediterrânica, tida como um dos regimes alimentares mais saudáveis, ele está no grupo que suporta a pirâmide, em conjunto com as massas ou o arroz (de preferência integrais) e com os legumes e as frutas. Uma contradição que, para o presidente da Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI), Mário Silva, está relacionada com os muitos “mitos associados à alimentação”, cujo dia também é celebrado a 16 de Outubro, e com as diferentes fontes que emitem muitas vezes informações diferentes e até antagónicas.

No entanto, para o responsável, há uma forma muito simples de distinguir entre o que é saudável e o que não é: “Todos os alimentos que provêm da natureza, ou seja, alimentos não ou pouco processados, devem ser incluídos na alimentação”, como é o caso do pão. Mas, ressalva, “pão de padaria”, que se distingue dos embalados pela pouca durabilidade. Depois, na padaria, os mais ricos serão os que têm mais cereais e, consequentemente, mais fibra, o que faz com que sejam “digeridos de forma lenta, permitindo-nos uma sensação de saciedade”.

Se o pão é importante em todas as idades, para as crianças assume um papel ainda mais fundamental, já que os seus substitutos são muitas vezes alimentos pouco saudáveis, como os cereais infantis “carregados de açúcar”. Por isso, defende o presidente da APCOI, “consumir pão ao pequeno-almoço deve ser um hábito a recuperar”, acrescentando que, para os mais novos, “o pão também deve ser introduzido à tarde, tendo em conta que os almoços nas escolas muitas vezes são dados às 11h30/12h”.

Já sobre o medo de o pão poder fazer mal, Mário Silva é peremptório: “O pão por si só é um alimento saudável — o que o pode tornar menos saudável é o que lhe pomos.” O truque, diz, passa por “recorrer ao que acontecia no tempo dos nossos avós e optar pela marmelada, pelo doce e até pelo azeite” — componentes ligados à dieta mediterrânica.

No entanto, e apesar de sublinhar que a manteiga não acrescenta nada de bom a uma dieta, considera que as alterações nos hábitos alimentares “não devem passar pela proibição”, sob pena de se criar desejo. E mesmo entre crianças que sofrem de obesidade — em Portugal, segundo o relatório Health at a Glance de 2019, pelo menos uma em cada três crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 9 anos sofre de obesidade infantil –, a APCOI não aconselha dietas restritivas“Em vez de proibir alimentos, devemos falar de alimentos obrigatórios — como por exemplo o pão”, mas também “a fruta ou legumes, que devem fazer parte de todas as refeições”, aponta.

É isso que a associação faz, há dez anos, com o projecto nas escolas Heróis da Fruta. Os alimentos podem ser como o sol para o Super-Homem e “dar superpoderes”, mas, para que surtam efeito, há que consumir pelo menos cinco porções por dia. Depois, há os que têm o efeito kryptonite e “nos tiram superpoderes”, estes não devem ser consumidos mais de cinco vezes… por mês.

Os Heróis da Fruta, que entretanto já se passeiam por mais de 1500 escolas a nível nacional, vão chegar ao pequeno ecrã este sábado, dia de aniversário do projecto: a série de desenhos animados estreia, às 8h30, na RTP2 e no Canal Panda, e num minuto e dez segundos promete histórias, embaladas pelas vozes de Jessica Athayde​ e Diogo Amaral, que pretendem pôr os miúdos com mais vontade de comer fruta e de origem nacional: a laranja do Algarve, a cereja do Fundão, o amendoim do Rogil… A inaugurar a temporada, que dura até 10 de Novembro, vai estar o kiwi nacional.

Paralelamente, e para assinalar o Dia Mundial do Pão, ao longo do dia serão distribuídos, pelas padarias portuguesas, mais de 330 mil sacos de papel para pão com informação sobre a Roda dos Alimentos, onde o pão ocupa o maior grupo alimentar. “O objectivo é relembrar a população da importância do consumo diário de pão e do seu papel fundamental numa alimentação saudável.”

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