José Abraão candidata-se a secretário-geral da UGT

Na carta que enviou nesta quinta-feira aos dirigentes dos vários sindicatos da UGT, Abraão promete reforçar o diálogo com os restantes parceiros sociais e dedicar-se a tempo inteiro à central sindical.

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José Abraão lidera a Federação de Sindicatos de Administração Pública desde 2013 Rui Gaudêncio

José Abraão, actual dirigente da Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap), apresentou nesta quinta-feira a sua candidatura a secretário-geral da UGT, prometendo abrir a central sindical aos jovens e reforçar o diálogo com os restantes parceiros sociais.

A candidatura foi assumida numa carta enviada aos dirigentes dos sindicatos, uniões distritais e federações da UGT ao final do dia, depois de a central sindical ter apresentado o seu caderno reivindicativo para o próximo ano, onde pede um aumento do salário mínimo para 715 euros e uma subida mínima de 50 euros dos restantes salários.

“Há cerca de um ano e meio, o actual secretário-geral da UGT, Carlos Silva, manifestou a sua indisponibilidade para um novo mandato à frente da central sindical e nesse momento assumi a minha disponibilidade para assumir a candidatura à liderança”, realça em declarações ao PÚBLICO. Desde então, acrescenta, “tenho falado com muitos sindicatos e sinto-me confortável pelas manifestações de simpatia que tenho recebido”.

Na carta enviada aos dirigentes, José Abraão defende que “a UGT tem de ser um parceiro social cada vez mais empenhado no diálogo social e na negociação, participando activamente na busca de soluções para um país cada vez mais convergente com a União Europeia”.

O actual membro do secretariado nacional da UGT defende que o diálogo social “não se esgota nas reuniões da Comissão Permanente de Concertação Social” e promete “criar condições de diálogo e de participação entre a UGT e os restantes parceiros sociais, tentando estabelecer compromissos”. Questionado sobre se essa promessa inclui também a CGTP, Abraão lembra que “a UGT é uma organização sindical democrática”. “Estarei sempre disponível para discutir com os trabalhadores e com quem esteja disponível, de boa-fé, para melhorar a vida dos trabalhadores”, acrescenta.

Na carta, o dirigente da Fesap fala ainda da necessidade de “reforçar o movimento sindical na resposta às novas formas de trabalho, renovar os quadros, mobilizar os jovens a participar activamente na vida sindical e reforçar o diálogo social tripartido e bipartido nas empresas e na Administração Pública”.

José Abraão tem 64 anos e entrou no mundo sindical ainda jovem assumindo a direcção do Sindicato dos Escritórios de Vila Real, cidade de onde é natural e onde mantém a sua residência (desce para Lisboa todas as segundas-feiras de manhã e volta para a cidade natal ao fim-de-semana).

Ingressou na Administração Pública em 1980, como técnico municipal na Câmara Municipal de Vila Real, mas há muito que se dedica em exclusivo à actividade sindical, tendo sido eleito em 2013 como secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap) e da Fesap.

Faz parte da comissão política do Partido Socialista, lugar onde por diversas vezes criticou a forma como o Governo de António Costa tem tratado os funcionários públicos.

É actualmente membro da Assembleia Municipal de Vila Real, lugar que vai deixar nestas eleições autárquicas, porque entende que tem de se dedicar a tempo inteiro à central. “Ser secretário-geral da UGT é um enorme desafio face aos tempos que aí vêm. A minha disponibilidade tem de ser total”, justifica.

De acordo com os estatutos da UGT, a tendência socialista é responsável por escolher o candidato a secretário-geral da UGT, enquanto a tendência social-democrata indica o nome do presidente. O congresso da tendência socialista realiza-se no final de Novembro, altura em que José Abraão espera ver o seu nome confirmado para o congresso da UGT que está marcado para Abril do próximo ano.

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