Diagnosticado com Parkinson, um suíço caminha, pedala e nada para despertar consciências

Yves Auberson, que jogou golfe profissionalmente, foi diagnosticado com Parkinson aos 35 anos. Mas encontrou no desporto uma arma para desacelerar a progressão da doença.

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Reuters/Denis Balibouse
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Há um ano, Yves Auberson, um suíço diagnosticado com Parkinson, caminhou mais de 1100 quilómetros através dos Alpes para aumentar a consciência sobre a doença neurodegenerativa. Agora, prepara-se para se lançar numa nova aventura, que incluirá pedalar e nadar: "Neste novo desafio, haverá uma bicicleta, um triciclo — terei uma bicicleta personalizada —, e água. Haverá água e uma bicicleta”, disse, não adiantando detalhes sobre o percurso.

Auberson, conhecido do circuito do golfe (jogou como profissional, tendo ganhado o campeonato suíço de juniores aos 19 anos), foi diagnosticado com Parkinson, um distúrbio neurológico que causa tremores e dificuldades no equilíbrio e coordenação, e que se agrava com o tempo, quando tinha 35 anos. No entanto, o suíço não baixou os braços e decidiu “lutar contra a progressão da doença com a sua arma favorita, o desporto”, conta a Association Défi Parkinson, criada em 2019 com o objectivo inicial de apoiar o projecto ambicioso de Yves Auberson de percorrer mil quilómetros através dos Alpes em 100 dias.

“Era muito importante para mim, porque queria mostrar que é possível, mesmo com a doença de Parkinson, fazer muitas coisas. Como adoro as montanhas, era óbvio que faria este desafio nas montanhas.”

O objectivo foi alcançado e, ao mesmo tempo que a associação encontrou outros desafios, nomeadamente a encorajar todas as pessoas com a doença de Parkinson a tentar abrandar a evolução dos sintomas através do exercício físico, Yves Auberson foi distinguido com o título de Personalidade de 2020, eleito pelo público da região em torno da sua cidade natal, Nyon, a 25 quilómetros norte de Genebra.

Para conseguir a façanha, o ex-golfista superou espasmos musculares e outros sintomas, ao longo de uma caminhada de mais de três meses, em que partiu de Montreux, na margem Este do lago Léman, escalou picos e cruzou pastos verdejantes. “O que me motivou a fazer esta caminhada, é que queria que as pessoas conhecessem melhor esta doença que é realmente desconhecida. Assim, fiz algo que considero importante e com que talvez as pessoas se relacionem. O facto de eu ter feito esta caminhada, algumas pessoas compreenderam, até mais do que eu esperava; superou as nossas expectativas”, disse Auberson, agora com 52 anos, à Reuters Television. “Recebi muitos e-mails, toneladas e toneladas de mensagens de encorajamento, agradecendo-me. Isto é o que me alimenta, e agora estou bem nutrido.”

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Tanto, que já planeia nova aventura, depois de há uns meses ter sido submetido a uma operação para implantar eléctrodos no seu cérebro. A estimulação cerebral profunda, como é conhecida a técnica, consiste na implantação de um ou dois eléctrodos num ponto específico dos núcleos cinzentos de base — o núcleo subtalâmico, que possui apenas alguns milímetros de diâmetro. Os eléctrodos são ligados por cabos subcutâneos, que passam por trás da orelha, a um neuroestimulador eléctrico. Este aparelho funciona como um pacemaker cardíaco e fica acomodado, sob a pele, abaixo do tórax. Essas pequenas peças produzem estímulos eléctricos que reduzem significativamente os tremores e outros sintomas da doença de Parkinson.

“Tudo mudou. Realmente, tudo. Posso fazer coisas que já não conseguia. Tenho de ter cuidado, porque não estou curado. Bom, nunca estarei completamente; sabemos que a doença de Parkinson é incurável. Mas [com a cirurgia] deram-me a oportunidade de ter uma nova vida e isto é tão bom, porque estou operacional.”