Igreja continua sem divulgar números sobre abusos sexuais de menores
Responsáveis das comissões diocesanas criadas há um ano para responder a casos de abusos sexuais de menores dentro da Igreja vão ter “um dia inteiro de formação”, no dia 29 de Maio, em Fátima
Apesar do proclamado empenho da Igreja Católica na prevenção e combate das situações de abuso sexual de menores por membros da Igreja, continua a não haver uma sistematização em Portugal dos casos denunciados juntos das comissões diocesanas que, há um ano e por decreto papal, foram criadas lidar com eventuais denúncias. “Cada diocese é que poderá dar essa resposta. Não temos dados nacionais e não vos posso dar números porque poderiam estar errados, se é que os há”, disse esta quarta-feira o secretário do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel Barbosa, numa conferência de imprensa destinada a dar conta das conclusões de mais uma reunião de trabalho daquele órgão, presidido por D. José Ornelas, bispo de Setúbal e presidente da CEP.
O motu proprio do Papa Francisco decretava a obrigatoriedade de denúncia dos abusos cometidos por membros do clero às autoridades civis e estipulava um prazo máximo de 90 dias para que as eventuais denúncias fossem devidamente investigadas no seio da Igreja. Na sequência da iniciativa papal, todas as dioceses portuguesas instituíram as suas próprias comissões, chamando para o seio delas juristas e psicólogos, além de profissionais de outras disciplinas, e, em Junho do ano passado, o então recém-nomeado presidente da CEP, D. José Ornelas, admitia, em entrevista ao PÚBLICO, que o estabelecimento de tais comissões poderia encorajar a denúncia de tais abusos, predispondo-se a enfrentar o que viesse.
Cerca de um ano volvido, porém, a CEP continua sem garantir uma agregação destes casos a nível nacional, sendo que, segundo Manuel Barbosa, também porta-voz da CEP, haverá, no dia 29 de Maio, em Fátima, “um dia inteiro de formação” dos responsáveis por estas comissões diocesanas, numa acção que contará com a presença dos bispos das diferentes dioceses e que será orientada pelo sacerdote jesuíta Hans Zollner, presidente do Centro para a tutela dos Menores da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e membro da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores.