Covid-19: casal criou aldeia medieval após ficar sem feiras e trabalho

“Há um ano veio o ‘“bichinho’ e o ‘bichinho’ manda, por causa disso, tivemos que reinventar o nosso trabalho”.

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LUSA/PEDRO SARMENTO COSTA
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A pandemia cancelou as feiras medievais e, sem trabalho há um ano, um casal decidiu abrir o parque temático Covil do Lobo, em Valpaços, onde é possível fazer uma viagem pela história até à época galaico-romana.

Dentro de uma muralha de madeira e duas pequenas torres, que ladeiam um portão, Francisco e Susana Esteves construíram uma aldeia medieval.

Entre as árvores e a relva há edificações em madeira que acolhem as oficinas do carpinteiro ou do ferreiro, há um campo de areia para os torneios, há jogos e armamento, como as antigas catapultas, uma delas com sete metros de altura.

O Covil do Lobo estende-se ao longo de um hectare, numa das entradas na cidade de Valpaços, distrito de Vila Real.

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São recriadores históricos ou animadores turísticos e, por ano, costumavam participar em cerca de 60 eventos, desde a viagem medieval de Santa Maria da Feira, à Braga Romana e várias feiras medievais do país e até em Espanha. Vestem-se à moda antiga e recriam os ofícios, os usos e costumes de antigamente.

“Há um ano veio o “bichinho” [SARS-CoV-2, que provoca a covid-19] e o “bichinho” manda, por causa disso, tivemos que reinventar o nosso trabalho”, afirmou Francisco Esteves, 44 anos, à agência Lusa.

Por causa da pandemia de covid-19, as feiras e certames foram cancelados e, neste momento, ainda não há perspectivas de retoma.

O casal já tinha a ideia do parque a germinar há uns tempos, mas por causa do volume de trabalho, que se prolongava de Março a Janeiro, foi sendo sempre adiada.

A covid-19 foi o empurrão para o projecto. “Tivemos que nos reinventar para continuarmos a fazer aquilo que gostamos de fazer”, salientou.

Susana Esteves, 42 anos, contou que se recusaram a ficar parados, que investiram as economias que tinham e, segundo explicou, a ideia foi “criar um espaço físico para trazer as pessoas”.

“O que fazíamos nas feiras, fazemos agora aqui, num espaço seguro e ao ar livre”, salientou.

A responsável disse querer levar as pessoas “numa viagem ao passado” para que também conheçam um pouco a história dos povos que construíram Portugal.

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A aldeia abriu portas em Abril, funciona aos fins-de-semana e durante a semana com marcação e, nesta fase, o conteúdo é mais expositivo.

“Estamos, neste momento, a 10% do que vai ser o parque”, salientou Francisco Esteves.

O objectivo é aumentar as actividades, realizar espectáculos e também proporcionar, segundo Susana Esteves, o “dia experiência”, em que os visitantes podem vestir as roupas antigas e trabalhar como ferreiro ou carpinteiro. Mais tarde, vão ter também oficinas de tecelagem, olaria, de corda e de curtidor de couro.

A agência Lusa acompanhou a visita de um grupo de 14 utentes da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Valpaços (APPACDM) de Valpaços.

Francisco Esteves está vestido à época medieval, abre os portões e guia os visitantes, começando pela época dos povos galaicos, passando pelos romanos e pelo período medieval, mostra a exposição de armas, elmos, armaduras, escudos e, quem quiser, pode tocar e até experimentar.

Pelo espaço passeiam duas cabras anãs e, em alguns dias, estão também lá os dois cães checos, parecidos com lobos e que derem o nome ao parque.

A utente da APPACDM Patrícia disse que gostou muito dos jogos, porque “são divertidos”, e que este “é um bom sítio para estar”. A sua colega Stéphanie gostou do elmo, do espaço verde e também dos jogos.

Lucie Mendes, colaboradora da APPACDM, referiu que a ida ao Covil do Lobo proporcionou o contacto com a natureza e permitiu sair da rotina, tornando-se numa “boa experiência para todos”.

O responsável apontou o apoio da Câmara de Valpaços para a concretização do projecto e referiu que, como sócio-gerente da empresa, contou também com ajuda por parte do Estado.

O parque é uma das novas atracções turísticas de Valpaços, onde o município tem feito uma forte aposta no turismo de natureza, destacando-se a criação da Ecovia do Rabaçal, com 60 quilómetros de percursos e onde a subida da Via Ferrata tem destaque para os mais aventureiros.

Mas, neste município há ainda a praia fluvial do rabaçal, lagares de vinho cavados na rocha, o centro de observação de aves aquáticas e o centro hípico de Travancas.