Com a Giro, comprar roupa em segunda mão é apoiar uma causa

Limpar o roupeiro e contribuir para causas sociais é o conceito da plataforma online Giro. No sábado, 8 de Maio, há uma venda solidária em Alcântara.

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Depois de terem feito parte do Heat the Street, movimento que angariava casacos para doar a pessoas em situação de pobreza, Helena Carvalho, de 39 anos, e Liliana Louro, de 45, decidiram criar a Giro, uma plataforma de venda de roupa em segunda mão cujas receitas revertem a favor de causas sociais.

Este sábado, 8 de Maio, o projecto terá a primeira venda presencial solidária no Jardim do Alto de Santo Amaro, em Alcântara, entre as 10h e as 13h. Mas tudo começou há cerca de um ano. “Fomos percebendo que havia uma vontade de contribuição para uma causa aliada à simples acção de limparmos os nossos roupeiros. E no início da pandemia concretizámos esta ideia”, começa por explicar Helena Carvalho, especialista na área da comunicação e dos direitos humanos, ao P3.

As fundadoras entraram então em contacto com a associação Crescer e perceberam que esta “precisava de fundos para distribuir as refeições”, pois o número de pedidos de ajuda “tinha aumentado bastante”. Para além da comunidade sem-abrigo em Lisboa, outras famílias tinham ficado em situação de vulnerabilidade e sem receber salários, necessitando de apoio. Desta forma, surgiu uma “analogia”: transformar roupas em causas. 

Já tinham acesso a diversas peças de roupa, visto estarem habituadas a fazer angariações. Assim, surgiu o conceito da plataforma Giro: qualquer pessoa pode usar o site para doar roupa para ser vendida ou comprar peças em segunda mão. Em ambos os casos, as receitas revertem na totalidade para projectos sociais. No caso da Crescer, “por exemplo, um casaco de 15 euros passava a valer dez refeições para pessoas em situação de sem abrigo”, esclarece a co-fundadora. 

A Giro existe desde Abril de 2020 e tem vindo a crescer. Em Outubro do mesmo ano, aliaram-se à associação Corações Com Coroa e agora as receitas das vendas também revertem para os vários projectos da associação (como bolsas de estudo para jovens raparigas e apoio a mulheres e famílias). Em Março deste ano, foi feita ainda uma nova parceria, desta feita com a Associação Portuguesa de Apoio às Vítimas (APAV), e o valor angariado destina-se ao “apoio que prestam diariamente a 23 mulheres que sofreram situações de violência”, diz a especialista na área da comunicação.

“Hoje sabemos que a compra da roupa em segunda mão é um hábito que nos faz sentir que não estamos a contribuir para o impacto ambiental negativo”, realça Helena, para quem esta atitude, aliada à solidariedade, “trará uma carga ainda mais positiva”. A co-fundadora explica que quem faz as doações pode escolher que causa ajudar. Assim, “dá um bocadinho de mais significado” à acção. “Estamos também a contribuir para uma causa com que nos identificamos. Daí as duas vertentes da plataforma: sustentabilidade ambiental e impacto social.”

Para o futuro, a plataforma já está a desenvolver algumas iniciativas sustentáveis. Sem adiantar grandes detalhes, Helena Carvalho diz que “será tudo à volta da economia circular, da sustentabilidade e do impacto social”.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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