Roupa em segunda mão e ao quilo: Lisboa tem uma nova loja vintage
As calças de ganga não chegam aos 20 euros e para uma camisa ainda recebe troco de uma nota de 10 euros. Económica e sustentável, a Flamingos Vintage Kilo quer conquistar o coração e a carteira dos portugueses.
A fruta compra-se ao peso, a carne e o peixe também. Agora também se pode comprar roupa ao quilo na Rua dos Douradores em Lisboa. A Flamingos Vintage Kilo abriu a primeira loja em território nacional. A ideia surgiu por um acaso e tornou-se num império vintage que conta já com 34 lojas em Espanha, nos Estados Unidos e em Portugal abriu a primeira.
O mecanismo é simples: pesam-se as peças, antigas e em segunda mão, e calcula-se o valor (13, 24 ou 39 euros por quilo, dependendo do tipo de roupa). O valor mínimo de compra são sete euros. Por exemplo, se uma camisa for muito leve e custar cinco euros o cliente leva mais uma peça ou tem de pagar sete euros pelo artigo. “É por isso que a roupa é mais barata do que noutras lojas”, explica Sara Dorado, uma das quatro sócias.
Sara Dorado está em Lisboa há mês e meio, mas a paixão pelo mundo vintage é bem mais antiga. Em Badajoz, há oito anos, abriu a sua primeira loja com este conceito. “O vintage é uma filosofia de vida. As pessoas que compram vintage pensam de forma diferente e não apoiam o consumismo”, explica a empresária.
Foi nesse contexto que conheceu Daniel Martinez, o fundador da Flamingos Vintage, que além de vender a retalho também é fornecedor de outras lojas. Para Martinez tudo começou com uma pequena loja de roupa vintage em Barcelona, onde o negócio não prosperava. O empresário decidiu então escoar material ao vendê-lo ao quilo. O sucesso foi tal que, dez anos depois, são 34 lojas em três países.
A jovem empresária juntou-se com três amigos e trouxeram para Lisboa o conceito. Com porta aberta há três semanas, Sara Dorado garante que já pode falar em “clientes habituais”. Para já, os fregueses dividem-se entre portugueses e turistas. “Nós gostávamos de ter mais clientes portugueses. É por isso que aqui estamos, adoramos Portugal e a sua cultura daqui”, sublinha Dorado.
Calças Levis, gravatas Hermès e vestidos de noiva
São raras, mas existem algumas peças com preço fixo, “porque são mais especiais”, explica a empresária. Uma gravata Hermès, um saco Dior e um cachecol Fendi são alguns dos exemplos. Os casacos de cabedal também têm preço tabelado e são as peças mais caras da loja, rondam os 99 euros.
A Flamingos Vintage também tem uma colecção própria que visa combater o desperdício. Com as peças de roupa que não estão em condições de ser vendidas, a marca fabrica casacos bomber com os materiais reciclados. São feitos dez casacos de cada modelo, que depois são distribuídos por todas as lojas, logo, é “exclusivo” ter um, defende a empresária. Os preços destas peças variam entre os 80 e 90 euros.
É possível formar um guarda-roupa apenas com peças vintage. Umas calças de ganga custam entre 16 e 17 euros. As camisas não chegam aos 10 euros e as camisolas de malha não cruzam a barreira dos 20 euros. Se mesmo nas lojas de fast fashion um casaco de Inverno pode ultrapassar os 50 euros, aqui é possível encontrar vários modelos por menos de 30 euros.
Ao fundo da loja, está um dos expositores que mais chama a atenção dos curiosos: vestidos de noiva e de época. Sara Dorado acredita que só serão comprados para cinema ou produções televisivas.
Entre as peças mais antigas da Flamingos Vintage estão os vestidos com pedraria, muitos deles dos anos 1960. Sara Dorado identifica um que diz ser ainda mais antigo: “Podemos saber o ano da peça pelo estilo e corte que tem. O corte da cintura foi depois mais tarde. Antigamente as mulheres não podiam marcar a cintura.”
Nas redes sociais vão seduzindo os mais curiosos com publicações diárias onde montam coordenados com peças da loja e mostram os preços de cada um. Sara Dorado explica que essa tem sido a grande estratégia de promoção do negócio.
Para já, o mundo vintage ao quilo fica em Lisboa mas o objectivo é, nos próximos anos, expandir para outras cidades portuguesas. “Cada vez mais as pessoas consomem vintage”, conclui a empresária.
Texto editado por Bárbara Wong