Cursos de formação da Camisola Poveira com inscrições esgotadas

O ressurgimento do interesse por este artigo secular surgiu após a polémica com a estilista norte-americana Tory Burch, que criou um artigo muito semelhante e promoveu-o como produção própria.

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O centro de formação tem por objectivo alavancar a internacionalização da camisola poveira Nelson Garrido

Os dois cursos de formação de manufactura da Camisola Poveira, lançados pelo município da Póvoa de Varzim, distrito do Porto, em articulação com duas entidades formadoras, arrancaram nesta sexta-feira, com inscrições esgotadas, revelou o presidente da câmara. A duas formações, que abrangem 45 pessoas, têm tipologias diferentes, sendo que uma é articulada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e outra é dinamizada através da Associação Amigos do Museu da Póvoa de Varzim, num formato de Curso de Ocupacional de Tempos Livres.

“É notório que este é um projecto que está a despertar interesse, e a adesão superou todas as expectativas. À autarquia cabe criar todas as condições para promover o Centro de Interpretação da Camisola Poveira e propiciar que haja mais gente a produzir este artigo tão típico da nossa cultura”, diz o autarca Aires Pereira.

Além de ceder o espaço físico para a realização dos cursos, no Centro Póvoa Empresas, a autarquia irá suportar os custos com as formadoras e os materiais utilizados, contribuindo, igualmente, para a certificação dos processos de qualidade e autenticidade das Camisolas Poveiras, além de disponibilizar uma plataforma digital para venda dos artigos produzidos pelas artesãs.

O ressurgimento do interesse por este artigo secular e muito ligado às tradições piscatórias deste concelho do norte do país, surgiu após a polémica com a estilista norte-americana Tory Burch, que criou um artigo muito semelhante e promoveu-o como produção própria.

O incidente ganhou dimensão mediática e, apesar de a empresária ter admitido o erro e retirado o artigo das suas plataformas de venda, está a ser promovida uma acção judicial, interposta pelo Estado Português nos tribunais dos Estados Unidos, contra a estilista, com um pedido de indemnização pelos danos causados.

“As coisas estão a ser tratadas no âmbito dos serviços jurídicos do Governo. Já fornecemos as informações que nos pediram, mas, independentemente disso, vamos continuar a valorizar e divulgar a camisola poveira. Foi uma apropriação e um uso indevido de um património local e nacional, mas acabou por nos unir dar uma visibilidade a este produto, que cada vez tem mais interessados”, remata o presidente da autarquia poveira.

Esse crescente interesse foi também reconhecido pelo IEFP, que criou um curso com uma duração de 300 horas, que se vai prolongar por três meses, e que esgotou prematuramente com a inscrição de 25 formandas. “Enquadra-se na nossa missão de serviço público de emprego e formação profissional certificada, que vai permitir às formandas apreenderem este ofício e exercerem a actividade por conta própria ou através de uma cooperativa”, explica Carla Vale, delegada regional do IEFP.

A responsável acrescenta que todas as pessoas desempregadas se podem inscrever no curso, recebendo uma bolsa formativa enquanto o frequentam, e que apesar desta primeira vaga estar já esgotada o IEFP pretende organizar mais formações. “Desde que haja instalações físicas e inscrições não há limite ao número de formações que podemos realizar. É uma forma de transmitirmos competências sobre artes e ofícios tradicionais, tal com o temos feito em outros concelhos, para que no futuro as pessoas possam desenvolver o seu próprio negócio”, afirma Carla Vale.