Depois de um ano vestidos com roupas confortáveis e em tons pastéis, a tendêncianesta Primavera são as cores alegres e os padrões florais, anunciam os designers e retalhistas. Embora as roupas neutras e confortáveis continuem mais populares do que nunca, os responsáveis de grandes armazéns como Neiman Marcus, Walmart e Macy's Inc revelam que as vendas têm aumentado para produtos como vestidos de tecidos fluídos de cores e padrões florais.
“Observamos um regresso aos vestidos e até mesmo aos sutiãs com arames”, informa Marie Ivanoff-Smith, directora de moda da cadeia Nordstrom. “À medida que fica mais quente e mais pessoas saem de casa, pensamos que querem mostrar optimismo e alegria com estampados e cores vibrantes.” Até agora, os motivos florais aumentaram 31% na Europa e 16% nos Estados Unidos em relação ao ano passado, de acordo com a Heuritech, uma empresa de dados que analisa milhões de fotografias por dia nas redes sociais e nas passerelles.
As cores vistas nas passerelles de apresentação das colecções de Primavera/Verão 2021 foram os rosas vibrantes e azuis ousados — “uma fonte de inspiração energizante para nos ajudar a seguir em frente”, descreve a empresa num relatório, em Fevereiro. Embora as cores vibrantes e os motivos florais sejam típicos da Primavera, este ano, a diferença é que as linhas de moda também incluem T-shirts com transparências e camisolas largas com um ar descontraído, aponta a editora de moda do Walmart, Alison Hilzer.
O retalhista britânico de moda online ASOS nota que nas últimas semanas os clientes estão “interessados em slogans de bem-estar, cores mais vivas e acessórios florais, pois o clima começou a melhorar e eles começam a preparar-se para o Verão que se avizinha”. E acrescenta, por e-mail: “Embora os tons neutros ainda predominem, estamos ansiosos para injectar o optimismo, muito necessário, no nossos guarda-roupas, com toques brilhantes. Estamos a apostar nos amarelos e verdes para a Primavera.”
“Cores fortes, drapeados e tecidos leves criam um complemento perfeito para a Primavera com as colecções da Dior, Loewe e Dries van Noten”, resume Lana Todorovich, presidente e directora de merchandising do Neiman Marcus, um retalhista de luxo. “Embora a tendência ainda seja muito a das roupas confortáveis, está claro que a tendência também é sair disso”, acrescenta a CEO da H&M, Helena Helmersson.
Jogar pelo seguro
Nunca o planeamento foi tão difícil como este ano, uma vez que os designers costumam desenhar as suas colecções com uma antecedência de dois anos, mas, agora, foram forçados a ajustar as colecções, o marketing e a divulgação de acordo com a instabilidade provocada pela pandemia.
De acordo com a directora de produtos de consumo da empresa de análise de tendências da moda Stylus, Emily Gordon-Smith, em geral, a previsão das tendências da moda será para daqui a dois anos, mas no meio da incerteza, a empresa aconselha os seus clientes a jogar pelo seguro com roupas “sazonais”.
“Temos a tendência de planear com seis meses de antecedência, o que é desesperante quando se pensa a esse respeito”, confessa Ivanoff-Smith, da Nordstrom. “Como é que a pessoa se está a sentir em Nova Iorque? Los Angeles? Seattle? Percebemos que precisávamos de ter uma resposta para todos os cenários”, justifica. Este retalhista, com grandes armazéns e sede em Seattle, começou por entrar na Primavera com roupa mais casual e, pouco a pouco, foi passando para propostas especiais, como jóias e vestidos coloridos.
Ainda assim, convencer os consumidores habituados a roupas confortáveis, sete dias por semana, a voltar aos saltos altos e aos fatos pode não ser fácil, constata Gordon-Smith. “É uma mentalidade muito difícil de mudar”, justifica, acrescentando que tal só será diferente em 2022.
Vestir para sair
A chegada da Primavera e a evolução das campanhas de vacinação trouxeram algum ânimo. À Reuters, os responsáveis da Neiman Marcus, Walmart e Macy's dizem que já começaram a ver as pessoas a querer mudar o registo do que vestiram ao longo dos vários confinamentos. “Começamos a ver muitos de nossos designers icónicos a exibir looks e peças que reflectem um regresso dos clientes a querer participar em ocasiões especiais”, diz Lana Todorovich, da Neiman Marcus.
Marcas como The Row, Brunello Cucinelli e Victoria Beckham abraçaram “os brancos ópticos que simbolizam uma sensação de renovação, renascimento e um reset natural”, acrescenta. “A mentalidade do cliente é querer tirar os hoddies e os pijamas e vestir algo que os faça sentir-se bonitos e animados para sair”, defende Alison Hilzer do Walmart.
Durand Guion, vice-presidente do departamento de moda do grande armazém Macy's, confirma que se está a começar a notar um retorno às roupas formais e vestidos de noiva nos EUA. “Os casamentos podem voltar a acontecer, assim como os encontros”, diz, acrescentando que essa vontade vai continuar, graças à vacinação.