O filho de Harry e Meghan ainda poderá receber o título de príncipe
Cabe a cada monarca decidir a atribuição de títulos. Quando o príncipe Carlos se tornar rei pode atribuir o título de príncipe ao neto Archie.
Na entrevista dada a Oprah, no passado domingo, 7 de Março, Meghan Markle revelou o que mais a magoou na relação com a família real britânica — Archie não receber o título de príncipe. As regras mudaram precisamente quando a duquesa de Sussex estava grávida e, sabe-se agora, que a cor da pele do bebé poderá ter estado na base da decisão. Entretanto, o Palácio de Buckingham já condenou quaisquer alegações de racismo e avançou que estas serão tomadas “muito a sério”. Certo é que Archie Mountbatten-Windsor ainda pode vir a receber o título de príncipe quando o avô, o príncipe Carlos, for coroado rei.
Quando Archie nasceu, em Maio de 2019, não recebeu automaticamente o título de príncipe. Pensou-se que a opção tinha partido do pai, o príncipe Harry e de Meghan, de forma a não limitar a vida do filho e a não impor um dever real. Agora, sabe-se que a decisão terá partido do Palácio de Buckingham. Harry descobriu, numa conversa com um membro da família, que a possível cor de pele do bebé justificou a decisão — um momento que nunca irá partilhar: “Na altura, foi embaraçoso, fiquei um pouco chocado”, recordou durante a entrevista de domingo. Depois da entrevista, Oprah Winfrey já veio dizer que Harry esclareceu que nem a rainha nem o duque de Edimburgo questionaram qual seria a cor da pele do seu filho.
O que implica não ter o título de príncipe? Menos protecção e segurança. Foi isso que preocupou Meghan Markle e não tanto o título propriamente dito: “O título mais importante que alguma vez terei é ‘mãe’. Mas a ideia de o nosso filho não estar seguro e também a ideia de o primeiro membro de cor desta família não ser titulado da mesma forma que os outros netos...”
Os duques de Sussex preocuparam-se essencialmente com a questão da protecção. Como Archie não é príncipe, o palácio não está obrigado a pagar a sua segurança pessoal. “Sei bem o que vem com os títulos, bom e mau, e, da minha experiência, muita dor”, disse Meghan a Oprah. “Não desejo qualquer tipo de dor ao meu filho, mas é o seu direito de nascença poder escolher.”
Magoada com a mudança das regras, Meghan Markle recorda a Oprah como foi atacada, aquando do nascimento do bebé, porque tinha decidido quebrar a tradição e não tirar a clássica fotografia nos degraus do hospital — como Kate Middleton ou a princesa Diana fizeram. “Ninguém nos pediu para tirar aquela fotografia. Também faz parte do jogo”, conta a duquesa. “Aquilo magoou muito. Pensei, ‘podem dizer-lhes a verdade? Dizer ao mundo que não lhe vão dar um título, que o querem manter seguro, e que se ele não é um príncipe, então não faz parte da tradição?’”
Quem tem direito ao título?
Nem todos os bisnetos de Isabel II — que já são nove — receberam o título de príncipe. A atribuição do título foi sofrendo alterações ao longo da história. Em 1917, o rei Jorge V — avô de Isabel II — impôs um limite ao número de príncipes, dada a quantidade de descendentes da rainha Vitória (que teve nove filhos). O decreto impunha que apenas os netos do monarca fossem considerados príncipes ou princesas.
A rainha Isabel II não concordava com o decreto de 1917 e emitiu várias alterações ao longo das décadas. Em 2012, a monarca definiu que todos os filhos do príncipe William e de Kate Middleton recebessem o título de príncipe e princesa — depois de George, o mais velho e terceiro na linha de sucessão ao trono, nasceram Charlotte e Louis. Harry e Meghan esperariam que os seus descendentes também recebessem o mesmo título.
No fundo, cabe a cada monarca decidir quem recebe — ou não — o título de príncipe e princesa. Quando o príncipe Carlos se tornar rei, poderá mudar novamente as regras e conceder o título de príncipe ao neto Archie. Todavia, sabe-se que o príncipe de Gales sempre manifestou a vontade de reduzir o número de pessoas que fazem parte da família real. Em 2012, o Daily Mail noticiava que a retirada da protecção real às princesas Beatrice e Eugenie tinha sido influenciada pelo príncipe Carlos e o seu ideal de monarquia mais “encolhida”.