Governo alemão obriga empresas a ter mulheres nos conselhos de administração

A nova lei estende-se a cerca de 70 empresas, das quais cerca de 30 actualmente não têm mulheres nos seus conselhos de administração, avançam os ministérios da Família e da Justiça, num comunicado conjunto.

Foto
Franziska Giffey anunciou medida nesta quarta-feira LUSA/HAYOUNG JEON

A Alemanha aprovou nesta quarta-feira legislação para obrigar as grandes empresas a terem pelo menos uma mulher nos seus conselhos de administração. "Esta lei é um marco para mais mulheres chegarem a posições de liderança”, declara Franziska Giffey, ministra da Família do SPD, em comunicado.

Este é um tema que há muito que é discutido e que era uma exigência dos social-democratas de centro-esquerda (SPD), mas os democratas-cristãos de Angela Merkel resistiam à medida. No entanto, a chanceler expressou frustração com o facto de as empresas estarem a fazer mudanças demasiado lentas. “Há anos que observamos que poucas mudanças são feitas voluntariamente e o progresso é muito lento”, afirma a governante.

A nova lei estende-se a cerca de 70 empresas, das quais cerca de 30 actualmente não têm mulheres nos seus conselhos de administração, avançam os ministérios da Família e da Justiça, num comunicado conjunto.

Depois de uma mudança na lei, datada de 2015, percentagem de mulheres nos conselhos de fiscalização corporativa ultrapassou o limite de 30% em 2017 e atingiu 35,2% em Novembro de 2020. Nos conselhos de administração das cerca de 100 maiores empresas cotadas, as mulheres representavam apenas 11,5% dos cargos. Agora, a expectativa é que com a nova legislação esta mudança se reflicta. Esta prevê ainda regras mais rígidas de igualdade de género nas empresas controladas pelo Governo, onde conselhos com mais de dois membros terão de ter pelo menos uma mulher.

O think tank económico DIW declara que esta medida terá um impacto limitado. “Não vai mudar de imediato. Isso aplica-se a poucas empresas”, defende Katharina Wrohlich, chefe de Economia de Gênero da DIW, ao jornal Rheinische Post.

De acordo com um estudo publicado no ano passado, as mulheres representam um terço nos conselhos executivos nas maiores empresas europeias, mas ocupam apenas uma pequena minoria de cargos de liderança. A Noruega está no topo do ranking em diversidade de género, seguida da França.