Quotas femininas: estaremos a ser precipitados?
No caso português, tudo indica que a resposta à pergunta do título seja negativa: as quotas de género terão efeitos económicos positivos.
Quando se discutem quotas para mulheres (e homens) em determinados cargos, os argumentos que usados vão sendo os mesmos. A favor, argumenta-se que a baixa representatividade das mulheres resulta de uma sociedade machista. Contra as quotas, contra-argumenta-se com a meritocracia, ou seja, defende-se que ninguém deve ter acesso a um lugar apenas por ser mulher. Depois, contra-contra-argumenta-se que, se o critério fosse o apenas o do mérito, não seria possível haver desequilíbrios tão grandes (como justificar que gestores de topo fossem 90% homens ou que nunca tenha havido uma mulher primeira-ministra em tantos países?). Depois contra-contra-contra-argumenta-se que, se, de facto, as mulheres fossem tão competentes como os homens, então, como têm salários mais baixos, alguma empresa aproveitaria para contratar mais mulheres e assim aumentar os lucros. O contra-contra-contra-contra-argumento é que a Economia Comportamental está farta de demonstrar que os humanos, mesmo aqueles que se preocupam em maximizar os lucros, podem cometer erros sistemáticos, pelo que é perfeitamente possível que os nossos preconceitos (ou enviesamentos implícitos) nos levem a tomar decisões subóptimas e a não as corrigir com o tempo. A isto pode-se sempre responder-se com o contra-contra-…, etc. Acho que já perceberam a ideia. Neste artigo, o meu objectivo não é o de acrescentar mais argumentos à longa lista já apresentada. Até porque, regra geral, considero haver raciocínios válidos de ambos os lados. Acrescentar mais um não traria nada de novo.
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