Noite fria, um abraço a ver as luzes da cidade, as nossas saudades de abraços
Fotografia de Tobias Baumgaertner, uma das vencedoras dos Ocean Photography Awards, é uma das imagens icónicas do ano. É um abraço oceânico, uma fábula com pinguins-fada, que se nos faz pensar nos animais também parece tornar-nos mais humanos, levantando ondas nas nossas vidas, nas nossas saudades.
Na Oceanographic Magazine, revista dedicada, claro, aos mares, há sempre um mar de textos e (belas) imagens substanciais. No seu concurso anual de fotografia, que decorreu em Novembro, a revista repartiu prémios por seis categorias. A grande vencedora foi Nadia Aly, fotógrafa especializada na vida selvagem declarada Ocean Photographer of the Year, e entre as dezenas de imagens finalistas há, realmente, momentos e imagens extraordinários, e não só por causa da técnica (que é apurada, garante-se).
Mas, entre todas as imagens com maior relevância nos Ocean Photography Awards, há uma que, tendo vencido o voto popular, tem vindo a tornar-se uma fotografia icónica.
O autor é Tobias Baumgaertner. A foto é simples: noite, dois pinguins na rocha, um dos animais abraça o outro enquanto ambos parecem admirar as luzes da cidade – Melbourne, Austrália, no caso.
Uma foto real em que parecem cruzar-se muitos elementos de fábula, ainda para mais num ano como o de 2020, em que os humanos ficaram quase sem abraços: para dar e receber. Juntam-se na nossa imaginação amor e amizade, carinho e companhia. E, já agora, junte-se o detalhe de a foto se chamar pinguins-fada, nome pelo qual é conhecido na Austrália o mais pequeno dos pinguins do mundo, também designado de pinguim-azul.
“Foi muito difícil conseguir fazer a fotografia, mas fui afortunado durante um belíssimo momento”, escreveu Tobias quando publicou a foto no seu Instagram, em finais de Março.
A foto foi tirada um ano antes, na zona protegida da colónia dos pinguins-fada. “Eles ficaram por ali horas e horas, a olharem as luzes cintilantes do horizonte da cidade e o mar. Um voluntário aproximou-se de mim e disse-me que o pinguim branco era uma senhora já idosa que tinha perdido o parceiro e aparentemente o mesmo tinha acontecido com o pinguim macho, mais jovem.” “[Eles] encontram-se regularmente para se confortarem um ao outro e ficarem juntos durante horas, a verem as luzes da cidade a bailarem”, acrescenta.
The winners from the #OceanPhotographyAwards are in!
— SeaLegacy (@Sea_Legacy) November 20, 2020
????Overall Ocean Photographer of the Year Award: An aggregation of mobula rays in clear waters off Baja California Sur, Mexico. Captured by Nadia Aly@Oceano_mag pic.twitter.com/5ZKamOxgQS
O autor da foto explica que passou três noites inteiras por ali, perto da colónia, até conseguir tirá-la. Sem poder usar luzes, com os seus “modelos” sempre em movimento, a roçarem as barbatanas nas costas um do outro.
Desde que a imagem foi publicada, diz Tobias, foi vista “por milhões” e recebeu “milhares de mensagens e comentários sobre como estes dois pequenotes “tocaram e melhoram corações partidos, trouxeram alegria, esperança e amor” a tantas vidas.
E, remata Tobias, a fotografia tornou-se um “símbolo de proximidade e amor”. “Os tempos ainda não são fáceis para a maioria de nós, mas, como escrevi antes, “em tempos como estes, os verdadeiros afortunados são os que podem estar com a pessoa/pessoas que amam”.
Para ver todos os vencedores e finalistas é navegar para o site dos Ocean Photography Awards.