Tom Cruise exalta-se e as celebridades dividem-se entre empatia e condenação
A falta de respeito pelas regras de segurança sanitária levou o actor/produtor de Missão:Impossível a gritar com a equipa. E a gravação chegou ao tablóide The Sun.
É aceitável alguém gritar com os seus funcionários? E se em causa estiver a saúde pública? Se para muita gente a resposta é um claro não, para o também produtor George Clooney, Tom Cruise “não exagerou” ao gritar com a equipa de filmagem por a mesma estar a violar as medidas de segurança adoptadas para combater a pandemia de covid-19.
O protagonista de Missão:Impossível foi apanhado numa gravação, divulgada pelo tablóide inglês The Sun, a gritar com membros da equipa do sétimo filme da saga, na qual, além de recorrer a vários palavrões, os ameaça de despedimento por não estarem a cumprir as regras sanitárias.
Na origem da explosão de Cruise estará o facto de ter visto que dois membros da equipa de produção estavam demasiado próximos em frente de um ecrã de computador.
A revelação lançou o debate e várias personalidades ligadas à indústria do cinema não hesitaram em se pôr de um dos lados da barricada. Foi o caso do actor e humorista Josh Gad (a voz do boneco de neve Olaf no sucesso da Disney Frozen). No Twitter escreveu: “Tom Cruise is correct here FYI. Sorry/Not sorry.” (“Para vossa informação, Tom Cruise está certo. Lamento/Não lamento.”).
Clooney, que confessou numa conversa com um animador da Sirius XM, citada pela revista People, não se imaginar a ter a mesma reacção – “"Não o teria feito assim, com tanto barulho” –, também considera que Tom Cruise “não exagerou porque é um problema”. “Tenho um amigo que é assistente de realização num programa de televisão que acabou de viver a mesma coisa”, disse, lembrando que numa determinada posição há “uma responsabilidade por todos os outros”: “Ele tem toda a razão quanto a isso.”
As filmagens do sétimo filme da série Missão:Impossível foram interrompidas em Fevereiro. A rodagem estava a decorrer em Itália, onde a primeira vaga do coronavírus SARS-Cov-2 se revelou particularmente letal. Agora, as filmagens têm estado a ser realizadas no Reino Unido e sabe-se que o actor/produtor tem feito de tudo para que não haja mais atrasos (e prejuízos). “Eles estão lá em Hollywood a fazer filmes agora mesmo por nossa causa. Estamos a criar milhares de empregos”, frisou. “É isso mesmo. Sem pedidos de desculpas. Podes [pedir desculpa] às pessoas que estão a perder as suas casas, porque a nossa indústria fechou.”
It’s not an argument, it’s an observation. Screaming at someone you have that much power over with the pretense that you’re taking care of them is the tactic of an abuser - I’m just pointing out the trigger. But again, I’m not aware of the whole context.
— Bethany Anne Lind (@LindBethanyAnne) December 17, 2020
Para a realizadora de Selma (2014), Ava DuVernay, “quem filmou durante a pandemia sabe o esforço hercúleo que é manter um projecto dentro dos protocolos da covid-19”. “Então um tipo não quer usar a sua protecção? Não. Já estive nessa situação. Senti a fúria.” No entanto, a cineasta, nomeada para um Óscar pelo documentário A 13.ª Emenda (2016), não deixou de escrever na mesma publicação de Twitter que se fosse ela a fazer o mesmo já teria sido despedida.
Também Bethany Anne Lind sublinhou a incoerência de Tom Cruise, apesar de ressalvar "que não cabe a ninguém julgar um ‘desabafo’ fora de contexto”. É que a actriz de Blood on Her Name acha bizarro alguém a gritar pelo facto de haver quem esteja a perder a sua casa quando o mesmo podia “pagar a toda a equipa as suas rendas sem pestanejar”. “Gritar com alguém sobre quem se tem tanto poder com a desculpa de que se está a cuidar dele é a táctica de um agressor.”