Resultados TIMSS: Afinal de quem é a culpa, será que importa?

Acho que é claro para todos que estes resultados refletem as políticas educativas do Governo do PS (2015-2019) pois foi nesse ano que os alunos, que em 2019 frequentavam o 4.º ano de escolaridade, entraram no 1.ºano.

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"É sempre mais importante tentar encontrar soluções que procurar culpados" PAULO PIMENTA

Estão aí os resultados do Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), uma avaliação internacional, quadrienal, que monitoriza as competências dos alunos do 4.º ano de escolaridade, nas áreas de matemática e ciências.

Os resultados foram desoladores para os alunos portugueses, nomeadamente na área de matemática que baixaram 16 pontos, em 2015, data da anterior avaliação em que tinham alcançado 541, agora ficaram nos 525. Há uma clara regressão nas competências adquiridas pelos alunos de dois ciclos — o primeiro 2011-2015 e o segundo 2015-2019.

Esta quebra é transversal aos vários domínios e faz com que no ranking internacional, Portugal, caia oito lugares para a 21.ª posição em contraste com a 13.ª ocupada em 2015. Nota para o facto desta pontuação ser inferior à de 2011 (532)

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Perante estes resultados, para meu espanto ou talvez não, o que faz o Governo? Vem rapidamente a público anunciar que estes se devem às políticas educativas do Governo em que o ministro da Educação foi Nuno Crato. Sim, percebeu bem, é rocambolesco, mas aconteceu.

Relembro que aquando da apresentação dos resultados do PISA 2015, este mesmo Governo, na altura recém empossado, veio rapidamente a público reclamar os louros. Agora é o primeiro a apressar-se a sacudir a água do capote. Não me parece séria esta atitude. Obviamente que o visado, Nuno Crato, já veio rejeitar as acusações apelidando-as de falsas e irresponsáveis.

Acho que é claro para todos que estes resultados refletem as políticas educativas do Governo do PS (2015-2019) pois foi nesse ano que os alunos, que em 2019 frequentavam o 4.º ano de escolaridade, entraram no 1.ºano.

Nesse período, ao qual se reporta a monitorização, as políticas educativas mudaram drasticamente, por um lado, com Nuno Crato, a exigência na aprendizagem da matemática, talvez até excessiva, com as metas curriculares, por outro lado, com Tiago B. Rodrigues, um diminuir da exigência, desde logo com a retirada dos exames em final de ciclo, em seguida com a desvalorização das metas curriculares que teve como consequência máxima um generalizado baixar da fasquia e relaxamento.

Flexibilidade Curricular e Aprendizagens Essenciais no último ano do ciclo (2018-2019) terão sito, porventura, a machadada final para a natural obtenção destes resultados.

Nas escolas é, arrisco a dizê-lo, unânime a perceção de que a exigência baixou, o esforço deixou de ser valorizado e arranja-se sempre uma forma para que não haja retenções. Em última instância quem sai prejudicado são sempre os mesmos, os alunos.

Aguardemos por um fact-check sobre esta matéria. Até lá seria importante, como é reclamado há muito, que se criasse um Grupo de Trabalho, apartidário, que criasse, auscultando os professores no terreno, um plano estratégico para o sistema educativo.

É sempre mais importante tentar encontrar soluções que procurar culpados.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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