Este Mustang celebra a mulher. Fábrica no México constrói um Mach-E único

Durante uma semana, mulheres de todas as áreas da fábrica de Cuautitlán, onde o Mach-E é produzido, juntaram-se para criar uma unidade especial. No fim, o automóvel serviu de tela à artista plástica María Fernanda Ochoapara.

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Construído no México, em Cuautitlán, o Mach-E inova por ser o primeiro eléctrico com a chancela Mustang, mas não só. Tornou-se ainda o primeiro Ford a ter uma unidade construída de fio a pavio apenas por mulheres, numa iniciativa que teve por objectivo chamar a atenção para a desigualdade de oportunidades que ainda impera naquele país da América do Norte, assim como para as diferenças salariais – duas batalhas em que a empresa com sede em Dearborn, no estado norte-americano do Michigan, decidiu investir.

A edição especial que, estimaram os responsáveis numa sessão online com as juradas do Women’s World Car Of The Year, deverá rumar ao museu da marca, foi montada e finalizada apenas por trabalhadoras, numa altura em que a fábrica tenta ter mais mulheres nos seus quadros: até 2019, de todos os trabalhadores, apenas 8% eram mulheres.

Porém, a adjudicação do Mustang Mach-E à unidade de Cuautitlán veio dar as ferramentas de que se precisava para alargar a população feminina, com o recrutamento de mulheres quer para as secções de engenharia e projectos como para a linha de montagem.

Para Ulises Perez Escamilla, do departamento dos Recursos Humanos, “não passa apenas por conseguir uma percentagem de mulheres e homens e pessoas LGBTQ a trabalhar na fábrica” para ficar bem no retrato, mas de alimentar a fábrica de melhores condições: “Quanto mais abordagens diferentes aqui tivermos, mais diversificada será a fábrica e mais ideias germinarão.”

Numa indústria ainda extremamente masculinizada, a campanha pela equidade, que levou a que a empresa fosse distinguida tanto pelos departamentos oficiais como por organizações humanitárias, incluiu, entre outras medidas, a criação de uma sala para amamentação, tendo a companhia apostado ainda na saúde das mulheres, com a realização de ecografias, mamografias, citologias e análises ao vírus do papiloma humano (HPV). Mas a mais relevante é a paridade salarial: na fábrica de Cuautitlán, uma mulher e um homem que tenham a mesma função recebem o mesmo.

Já a construção do Mach-E é simbólica: “Durante uma semana inteira, as mulheres de todas as áreas da fábrica” juntaram-se para criar esta unidade. Além de ter sido construído por mulheres, a Ford convidou a artista plástica María Fernanda Ochoapara para usar o automóvel como uma tela.

A artista explica, num vídeo disponibilizado pela marca, que a força da mulher foi o ponto central da pintura que imaginou, incluindo simbologia que remete para os guerreiros astecas Águia no retrato de uma mulher e incluindo o símbolo da Warriors in Pink, associação ligada à Ford no combate ao cancro da mama, além de girassóis, a representarem a força e a estabilidade. “Se o estereótipo diz que a mulher é como uma flor, a mim parece-me que o girassol é uma flor muito forte”, brincou María Fernanda Ochoapara.

No México, a campanha pela igualdade de género tem vindo a dar frutos, apesar de ainda haver um longo caminho a percorrer. Segundo o Índice Global de Desigualdade de Género, criado pelo Fórum Económico Global, em 2006, a última década reflecte, por exemplo, um forte aumento do número de mulheres no acesso ao ensino superior: em 2006, apenas 25% o faziam; em 2019, a percentagem subiu para 39%. Mas, no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, importa sinalizar que, de acordo com os números oficiais, nos primeiros sete meses de 2020, foram assassinadas 2240 mulheres naquele país – mais do que dez todos os dias.

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