Trump e Melania têm covid-19 e entram em isolamento em plena campanha presidencial
Presidente norte-americano e primeira dama dos EUA testaram positivo para o novo coronavírus depois de uma conselheira presidencial ser diagnosticada esta quinta-feira. Trump afirma que vão começar o processo de quarentena e recuperação imediatamente. Médico do Presidente diz esperar que este continue a desempenhar as suas funções sem interrupções durante a recuperação.
O Presidente norte-americano Donald Trump está infectado com o novo coronavírus, juntamente com a primeira-dama Melania Trump. A informação foi avançada pelo próprio chefe de Estado através da rede social Twitter. “Esta noite, Melania e eu testamos positivo para a covid-19. Vamos começar o nosso processo de quarentena e recuperação imediatamente. Vamos ultrapassar isto juntos”, escreveu.
Melania Trump também confirmou, no Twitter, que o casal está infectado. “Como demasiados americanos fizeram este ano, Donald Trump e eu estamos em quarentena em casa depois de um teste positivo à covid-19. Estamos a sentir-nos bem e adiamos todos os compromissos dos próximos tempos. Por favor, certifiquem-se de que estão seguros e ultrapassaremos isto juntos”.
O médico do Presidente norte-americano, Sean Conley, também já confirmou estas informações e garantiu que ambos “planeiam permanecer em casa dentro da Casa Branca” durante a convalescença, sem dizer, no entanto, se o casal tem sintomas da doença. “A equipa médica da Casa Branca e eu vamos manter uma vigilância, e agradeço o apoio prestado por alguns dos maiores profissionais e instituições médicas do nosso país. Fiquem descansados, espero que o Presidente continue a desempenhar as suas funções sem interrupções durante a recuperação, e manter-vos-ei informados sobre quaisquer desenvolvimentos futuros”, sublinhou numa declaração oficial citada pelo The New York Times.
Com 74 anos, Trump está inserido num dos grupos de risco da covid-19. Segundo escreve o diário norte-americano, cerca de oito em cada dez mortes atribuídas à doença nos EUA foram registadas em cidadãos acima dos 65 anos. Em Maio, e apesar dos alertas das autoridades de saúde pública, o Presidente já tinha afirmado que estava a tomar hidroxicloroquina (um medicamento utilizado para tratar a malária e doenças auto-imunes como a artrite reumatóide ou o lúpus) depois de dois funcionários da Casa Branca terem revelado que estavam infectados.
O isolamento que Trump terá agora que cumprir vem condicionar a sua campanha para as presidenciais de 3 de Novembro, em que o candidato apoiado pelos republicanos enfrenta nas urnas o democrata Joe Biden, com quem debateu esta terça-feira.
Conselheira presidencial infectada
Horas antes do anúncio de que o casal foi diagnosticado com o vírus, Trump tinha afirmado ter feito um novo teste à covid-19 depois de uma colaboradora próxima ter confirmado estar infectada. Hope Hicks, conselheira presidencial, estava a bordo do Air Force One com o Presidente dos Estados Unidos, num voo para Cleveland, na terça-feira, para participar no debate eleitoral com o candidato democrata à Casa Branca Joe Biden. A conselheira também viajou com Trump na quarta-feira, para o estado de Minnesota, onde decorreu uma reunião de campanha.
“Hope Hicks, que tem trabalhado imenso sem sequer fazer uma pausa, acaba de testar positivo para a covid-19. Terrível! A primeira-dama e eu estamos a aguardar os resultados do teste. Até lá, começaremos o nosso processo de quarentena,” disse Trump num tweet. "Eu passo muito tempo com a Hope, e a primeira-dama também. Ela é incrível”. O resultado positivo da conselheira presidencial levanta a possibilidade de outras pessoas dentro do círculo próximo de Trump e dos níveis mais altos do governo dos Estados Unidos também terem sido expostas e de terem que ficar em isolamento durante os próximos dias ou semanas.
Hicks não foi a primeira funcionária próxima do Presidente a ser diagnosticada com o SARS-CoV-2. No fim de Julho, o conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Robert O'Brien, anunciou estar infectado e foi, até ali, o mais alto responsável da Casa Branca a ser diagnosticado com a doença.
O Presidente norte-americano, que já tinha revelado várias vezes em conferência de imprensa que tanto ele como os seus colaboradores mais próximos (e até alguns jornalistas) são testados regularmente à covid-19, teve uma agenda de viagens preenchida nas últimas semanas. Na campanha para as presidenciais, Trump realizou comícios com milhares de pessoas em várias cidades e estados dos EUA, apesar dos avisos constantes de profissionais de saúde pública contra a realização de eventos com grandes multidões.
Reacções ao teste positivo de Trump
Através do Twitter, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, e Tedros Adhanom Ghebreyeusus, director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, já desejaram “uma recuperação rápida e total” ao casal. "Os meus melhores votos ao presidente Trump e à primeira-dama. Espero que ambos tenham uma recuperação rápida do coronavírus”, escreveu também Boris Johnson.
Trump contrai a covid-19 depois de longos meses a menorizar a ameaça do novo coronavírus nos EUA, onde a doença já matou mais de 200 mil norte-americanos, tornando-se precisamente num dos temas que a oposição democrata tem explorado durante a campanha para as presidenciais. O Presidente rejeitou a imposição de confinamentos e recusou-se a usar e apelar aos americanos que usem máscaras, posição que recentemente parece ter mudado. Apesar de os especialistas em saúde pública afirmarem constantemente que o uso de máscara é uma das formas mais eficazes de prevenir a propagação do novo coronavírus, Trump só usou uma em público em meados de Julho, durante uma visita a um hospital militar.
Além disso, o Presidente, que está em campanha eleitoral, tem frisado em várias ocasiões que a sua gestão da crise pandémica está a ser “excelente” e que os Estados Unidos são um dos países menos atingidos pela pandemia e que mais testes fez em comparação com outros países.
Os Estados Unidos registaram 884 mortos e 46.164 infectados nas últimas 24 horas e atingiram um total de 207.808 óbitos e 7.278.385 casos confirmados — o país com mais óbitos e mais infecções do mundo.