Chega adere ao grupo europeu de extrema-direita Identidade e Democracia

André Ventura admite que alguns partidos que integram o ID “eventualmente são um pouco mais radicais do que outros”, mas diz que o Chega é essencialmente anti-sistema.

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André Ventura (Chega) daniel rocha

O Chega aceitou o convite para aderir ao grupo europeu Identidade e Democracia (ID), que integra partidos de extrema-direita, tendo formalizado a entrada na quarta-feira, disse à Lusa o presidente demissionário, André Ventura.

“Nós tínhamos já feito alguns contactos europeus. Tivemos primeiro uma maior aproximação ao grupo onde está o [partido espanhol] Vox, mas o desenvolvimento dos contactos internacionais aproximou-nos mais quer do partido de Matteo Salvini, quer da Frente Nacional francesa”, afirmou o líder demissionário do Chega, admitindo ter tido reuniões com membros do ID.

O grupo ID é a quinta força no Parlamento Europeu, com 73 deputados.

Segundo o dirigente, “houve uma proposta formal de adesão” por parte do ID, no “início de Junho”, e a direcção do Chega quis “ponderar bem as implicações e as consequências”.

Depois dessa ponderação, que foi feita pela direcção e também no conselho nacional deste fim-de-semana (o mesmo em que Ventura anunciou que tinha sido convidado por Donald Trump para ir à convenção do Partido Republicano, nos EUA, em Agosto), o Chega decidiu “que fazia sentido solidificar as relações lá fora”, a nível europeu, e os “documentos já foram assinados e entregues ontem [quarta-feira]”, adiantou Ventura.

“Apesar de haver um ou outro partido de que não sejamos tão próximos, há uma identificação muito grande com o ID”, realçou, assinalando que há ali “um conjunto de partidos que se quer afirmar para uma futura rede de direita europeia”.

A notícia de que o Chega integrou o ID — grupo europeu que integra partidos de extrema-direita, nomeadamente a Liga de Matteo Salvini e a União Nacional de Marine Le Pen — foi avançada pela revista Sábado e confirmada à Lusa por André Ventura.

De acordo com a Sábado, o convite foi endereçado ao Chega no dia 10 de Junho, numa carta endereçada pelo presidente do ID ao líder do partido político português.

Segundo o deputado único, “em Setembro haverá encontros [bilaterais] com Marine Le Pen e com Matteo Salvini”, em França e Itália, que “já podiam ter acontecido se não fosse a pandemia”.

Apesar desta adesão, o presidente do Chega continua a rejeitar que o partido seja classificado como de extrema-direita. “Não gosto da designação de extrema-direita, a Liga não é um partido de extrema-direita”, defendeu, admitindo: “Alguns partidos [do ID] eventualmente são um pouco mais radicais do que outros. Mas nós somos essencialmente um partido anti-sistema.”

O deputado único confirmou também a informação avançada jornal i de que foi convidado para participar, em Agosto, na convenção do Partido Republicano, do Presidente Donald Trump, nos Estados Unidos da América. À Lusa, Ventura disse que vai interceder para que Marine Le Pen e Matteo Salvini “também sejam convidados” e os três possam encontrar-se com o Presidente norte-americano.