Coronavírus: Espanha é o segundo país com mais novos infectados. Governo põe privados às ordens do público
O novo coronavírus já infectou 9191 pessoas e matou 329 em Espanha. O executivo chefiado por Pedro Sánchez aprovou decreto a permitir requisição de material à saúde privada e já admitiu que o estado de emergência de 15 dias pode ser prolongado.
Espanha é o segundo país com o maior número de novos casos de covid-19 no mundo, e o Governo espanhol decidiu no domingo à noite pôr os privados de saúde ao serviço do sistema nacional público para combater a epidemia que já infectou 9191 pessoas e fez 329 mortos. O executivo chefiado por Pedro Sánchez já admitiu que o estado de emergência se poderá prolongar para além dos 15 dias iniciais.
A partir desta segunda-feira, os conselheiros das regiões autónomas espanholas (ministros dos vários governos) vão poder tomar decisões sobre “todos os meios” necessários, seja no público ou no privado, para se combater o coronavírus. Poderão requisitar “todos os espaços públicos” necessários e transformá-los em zonas de assistência aos doentes, e as empresas produtoras de material médico terão 48 horas para se identificarem junto do Ministério da Saúde, em mais um sinal de forte mobilização.
A mobilização torna-se urgente se se tiver em conta o número de casos registados nas últimas 24 horas em Espanha: mais mil, um aumento de 13%, de acordo com o director do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências de Saúde, Fernando Símon. A maioria (60%, 4695 casos) foi registada na comunidade de Madrid, que já acumula mais de metade dos casos de infecção no país, e a taxa de mortalidade ronda neste momento os 3% — 329 pessoas já morreram e 432 estão internadas nos cuidados intensivos. Há, no entanto, 540 pessoas curadas.
A Organização Mundial da Saúde declarou Espanha o segundo país com mais novos casos de infecção no mundo e a realidade, avisa Símon, é que continuarão a aumentar nos próximos dez dias - Espanha está em números absolutos de infectados apenas atrás da China, Itália e Irão. “Se continuarmos com as medidas [de contenção], é muito provável que o impacto seja rápido e drástico. Mas não vamos vê-lo até daqui a três ou quatro dias no mínimo”, disse o responsável de saúde, citado pelo El País.
Mas o aumento exponencial de casos nas últimas 24 horas deve-se, continua Símon, mais aos atrasos de notificação às autoridades de saúde centrais durante o fim-de-semana do que propriamente à propagação extremamente súbita da doença. A divulgação dos números, fundamental até para evitar o pânico entre a população, vai passar a ser coordenada e feita durante a noite, assim que o decreto de estado de emergência centralize todos os poderes nas autoridades de saúde, diz o El País.
O Governo espanhol tem implementado medidas cada vez mais drásticas para travar a propagação do coronavírus e, neste fim-de-semana, declarou o estado de emergência. Todos os cidadãos estão confinados às suas casas, excepto por razões laborais consideradas essenciais, para fazer compras ou cuidar de um familiar, e os militares circulam pelas ruas para garantir que a medida é respeitada. E os estabelecimentos comerciais não essenciais estão encerrados.
Contudo, a medida pode ser insuficiente e obrigar ao seu prolongamento para lá dos 15 dias iniciais, por não serem capazes de “combater o coronavírus”, disse nesta segunda-feira o ministro dos Transportes, Mobilidade e Planeamento Urbano, José Luis Ábalos. “É evidente que não temos um calendário certo. Se não tomarmos medidas especialmente duras para travar a propagação do vírus e, assim, o seu efeito na saúde e vida pública, não teremos impacto”, argumentou o governante.
Mas, por agora, o executivo espanhol terá de esperar o cumprimento dos 15 dias de estado de emergência para poder considerar a sua extensão, que terá de ser aprovada pelo Congresso dos Deputados.