Coronavírus: Governo consulta especialistas sobre hipótese de antecipar férias escolares
As autoridades de saúde já estão a preparar a resposta para fase seguinte do surto de covid-19, caso deixe de ser possível conter a transmissão do novo coronavírus e este passe a estar disseminado na comunidade.
O Conselho Nacional de Saúde Pública (CNSP), um órgão de consulta do Governo e de análise de situações graves como pandemias, vai ser ouvido esta quarta-feira sobre a hipótese de antecipação das férias escolares e sobre o funcionamento de grandes museus, tendo em conta a evolução do surto do novo coronavírus em Portugal, adiantou a ministra da Saúde esta segunda-feira em conferência de imprensa.
A proposta de antecipação das férias escolares para a próxima sexta-feira foi feita pelo presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares e o primeiro-ministro admitiu já que o Governo adoptará as medidas que os especialistas deste órgão de consulta considerarem mais adequadas. O CNSP inclui responsáveis da Direcção-Geral da Saúde, do Infarmed (autoridade do medicamento) e da Autoridade Nacional de Protecção Civil, entre outros.
Na noite de terça-feira, no final de uma videoconferência com os membros do Conselho Europeu para articulação das respostas, António Costa reiterou que o Governo agirá “em conformidade” com a posição do Conselho Nacional de Saúde Pública. “Porque devemos agir não em função do ´achismo` de cada um, mas em função da melhor informação técnica disponível”, justificou.
Bombeiros vão ser formados
Esta terça-feira, na conferência de imprensa conjunta da ministra Marta Temido e da directora-geral da Saúde Graça Freitas, em que foi feito o balanço da situação – havia 41 infectados, um das quais inspira “maior cuidado” -, a última revelou que os bombeiros dos 18 distritos do país vão ser formados esta semana, um “trabalho descentralizado” que será coordenado pelas autoridades locais. Também esta semana, na sexta-feira, vão ser ouvidos os bastonários das sete ordens profissionais da área da saúde.
Num momento em Portugal se encontra na fase de contenção alargada do surto, a Direcção-Geral da Saúde e o Ministério da Saúde estão já a preparar a resposta para a fase seguinte, a da mitigação, quando existir transmissão comunitária disseminada do novo coronavírus e já não for possível descobrir a origem das cadeias de transmissão, que esta terça-feira eram seis. Se neste momento o mote é “conter, conter, conter”, é “fundamental” que o país se prepare para a fase seguinte em simultâneo, apelou Marta Temido. “Estamos a trabalhar na fase actual e a preparar a futura”, enfatizou.
A governante deu o exemplo do Hospital de S. João (Porto), onde terça-feira estavam internados metade dos infectados. O hospital já tem tendas montadas em frente à porta principal e do serviço de urgência e, “no prazo de duas semanas”, terá contentores em que serão efectuadas colheitas de amostras biológicas de suspeitos de infecção para análise laboratorial. Mais tarde, as colheitas poderão passar a ser feitas em casa dos doentes, acrescentou.
Sem conseguir prever se e quando Portugal chegará à fase de mitigação – “depende da evolução da epidemia” - , Graça Freitas explicou que o país poderá não estar todo ao mesmo tempo na mesma situação e que a resposta pode, assim, ser diferente de região para região. Revelou igualmente que está a ser feito um “trabalho muito fino” de apuramento da capacidade instalada e de “expansão” das camas de cuidados intensivos nos hospitais. Há dias tinha adiantado que havia 300 camas de cuidados intensivos em todo o país disponíveis para receber doentes em estado grave.
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