Secretário de Estado das Infra-estruturas pede desculpa por atrasos no Metro Mondego
Jorge Delgado falava no lançamento do concurso da abertura da Via Central, no miolo de Coimbra.
“Devemos por isso, enquanto governantes, um pedido de desculpas às populações desta região”. Foi desta forma que o secretário de Estado das Infra-estruturas e Habitação, Jorge Delgado, se dirigiu aos habitantes de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã para lamentar os sucessivos atrasos que têm rodeado o processo do Sistema de Mobilidade do Mondego. O governante foi a Coimbra nesta quinta-feira para participar na sessão de lançamento do concurso para a abertura da Via Central, o canal de 32 metros que falta abrir para ligar a beira-rio ao centro da cidade, e aproveitou para pedir desculpas à população, dizendo que compreende as críticas.
Há dez anos, o governo PS interrompeu a circulação das automotoras nos carris do Ramal da Lousã, com o pretexto de que seria ali instalado um metropolitano ligeiro de superfície, que ligaria Serpins a Coimbra. A obra chegaria a arrancar, mas foi suspensa pouco depois, já com o executivo PSD-CDS. Jorge Delgado lembrou o historial: “Desde 2010 que as populações de Coimbra, de Miranda do Corvo e da Lousã estão sem o comboio, que circulou durante mais de 100 anos, e essa perda tem sido bem sentida por todos. Não vou fugir aqui às responsabilidades que também foram de governos liderados pelo partido de que faço parte”.
“Depois disso, é também verdade que este projecto já viveu várias fases e as críticas sobre os avanços e recuos que já sofreu são justas e são óbvias”, concedeu. Daí que tenha sentido necessidade de pedir desculpas “porque, mesmo que alguns dos constrangimentos possam até não ser directamente imputáveis a quem tinha o poder de decisão, uma coisa é certa: quem não teve culpa de nada foram de certeza as populações”. Apesar de o Ramal da Lousã estar suspenso há uma década, a história do projecto é bem mais antiga, sendo que a Sociedade Metro Mondego (SMM) foi criada em 1996.
Jorge Delgado defendeu também a solução adoptada pelo Governo de autocarros eléctricos (ou metrobus) em vez do metropolitano ligeiro, referindo que, mesmo que não seja “a solução que tinha sido prometida inicialmente”, do ponto de vista “do serviço à população não será muito diferente”.
Sobre o concurso que foi lançado nesta quinta-feira, o secretário de Estado espera que, no início de Setembro, se esteja em condições de adjudicar a abertura da Via Central, obra que corrresponde a um investimento de 3,5 milhões de euros e que segue o projecto da autoria do arquitecto Gonçalo Byrne.
A intervenção implica demolir o miolo de três prédios na Rua da Sofia (que tem vários edifícios classificados como património mundial pela UNESCO), mantendo a fachada, sendo que o do meio servirá como túnel, por baixo do qual passarão os veículos do sistema de mobilidade. Os três pertencem à SMM.
O Governo prevê que os autocarros eléctricos comecem a circular no troço suburbano do sistema (entre Serpins, na Lousã, e o Alto de S. João, à entrada de Coimbra) em 2022 e no troço urbano, em Coimbra, em 2023. Estas datas já significam o atraso de um ano relativamente ao inicialmente anunciado pelo então ministro das Infra-estruturas, Pedro Marques. “Até ao Verão, queremos ter todos os projectos concluídos e todos os concursos para obra lançados”, sublinhou Jorge Delgado. Neste grupo, o responsável inclui a estação de Coimbra-B e o material circulante para o sistema de mobilidade.