“A morte não é um direito” ou a vida não é “uma obrigação”? As frases que marcaram o debate da eutanásia
Os deputados discutem e votam hoje os cinco projectos de lei apresentados para a despenalização da morte assistida. O debate arrancou às 15h e o PÚBLICO reuniu algumas das frases que marcaram a discussão.
José Manuel Pureza, deputado do BE: “Não há nada que legitime forçar alguém a ter uma despedida da vida que a violente.”
André Coelho Lima, deputado do PSD: “A morte é um sofrimento. Mas inexoravelmente mais para quem fica do que para quem parte. Por isso pergunto: devemos nós, para evitar o nosso sofrimento psicológico, impor um sofrimento físico a quem dele não queira padecer? Penso claramente que não.”
Moisés Ferreira, deputado do BE: “Trata-se de liberdade da pessoa decidir como vai passar os últimos momentos da sua vida. A vida é um direito, mas não uma obrigação para além do sofrimento”
Telmo Correia, líder parlamentar do CDS: “Neste país é particularmente chocante instituir a eutanásia. Mais vale ser um arauto da cautela e do medo do que um arauto da morte.”
Mariana Mortágua, deputada do BE: “Ninguém deve ser obrigado a definhar até deixar de sentir.”
António Ventura, deputado do PSD: "Mesmo numa situação limite poderá ganhar asas. Mesmo numa situação limite poderá ganhar asas.”
António Filipe, deputado do PCP: “A morte é uma inevitabilidade, não é um direito fundamental. Se fosse um direito não seria lícito fazer depender a antecipação da morte da decisão de terceiros como sucede em todas as iniciativas em debate.”
Bebiana Cunha, deputada do PAN: “O que é pretendido com esta proposta, é que — após esgotadas todas as possibilidades nesse exercício profissional, e garantidas todas as respostas de acompanhamento clínico possíveis —, o doente, seja também ele considerado na equação global que define a sua própria existência, um direito que até aqui nunca lhe foi dado de forma legal.”
Cláudia Bento, deputada do PSD: “Não é aceitável colocar a eutanásia quando o SNS se encontra tão frágil.”
Sofia Matos, deputada do PSD: "Não posso deixar de reclamar para estas pessoas aquilo que reclamo para mim: poder escolher. (...) Apenas o paciente está realmente ciente do que é suportar um sofrimento intratável.”
Joacine Katar Moreira, deputada não-inscrita: "Nem as inquietações religiosas nem as ansiedades das ideologias políticas conservadoras ou ultraconservadoras, nem as euforias das opiniões alheias, nem até a calma de algumas ópticas podem colocar em causa a autodeterminação, a liberdade e a dignidade que cada uma e cada um dispõe em democracia.”
Porfírio Silva, deputado do PS: "Ninguém decide morrer porque sim e nem de ânimo leve.”
Pedro Delgado Alves, deputado do PS: “O juízo [sobre a dor, o sofrimento e a decisão de cada doente] não é meu, não é seu, não é de cada deputado da Assembleia da República; é de cada pessoa.”
João Cotrim de Figueiredo, deputado da Iniciativa Liberal: "A vida é o que fazemos em escolha livre, informada e consciente”, disse, defendendo que as decisões na vida deviam ser de cada um. “Até ao último momento ninguém devia decidir por nós”
José Luís Ferreira, deputado do PEV: “O assunto é delicado, sensível e envolve valores profundamente enraizados na nossa sociedade, que dizem respeito ao bem jurídico que é a vida. Discutamos o que se propõe e deixemos de fora o que de fora está.”
Isabel Moreira, deputada do PS: "O Estado não pode impor uma única concepção de vida. O contrário seria totalitário.”