Janeiro, mês do Veganuary e de outros desafios para tentar uma dieta vegetal
O Veganuary voltou a bater recordes — 300 mil pessoas por todo o mundo já disseram que queriam começar o ano sem comer produtos de origem animal. Em Portugal, num dia o Desafio Vegetariano despertou a curiosidade de 500 pessoas.
O Veganuary de 2019 terminou com um recorde — 250 mil pessoas de todo o mundo registaram-se no site do movimento para, durante um mês, tentarem seguir uma dieta à base de plantas. Este ano, o mote é o mesmo e os números estão mais expressivos: nos primeiros dias de 2020, já tinham sido recebidas 300 mil inscrições no desafio lançado a nível mundial desde 2014, de acordo com a organização.
Não se sabe quantos dos participantes chegam a experimentar as ementas vegetarianas propostas pela associação inglesa, ou quantos contarão para o grande objectivo do Veganuary ao continuarem sem comer produtos de origem animal durante o resto do ano, mas a organização diz que seis em dez pessoas que aceitam o compromisso tencionam continuar a ser vegetarianas, maioritariamente por razões de saúde, éticas e ambientais.
De acordo com um estudo aos danos causados pela pecuária e agricultura, “evitar carne e lacticínios” é a principal mudança que um indivíduo pode tomar pelo ambiente. “É muito mais importante do que reduzir voos ou comprar um carro eléctrico”, disse Joseph Poore, que liderou a investigação, publicada na revista Science, em Maio de 2018.
Desde o primeiro repto, o número de participantes tem vindo a duplicar a cada ano e “os produtos vegan têm ficado cada vez melhor e mais acessíveis”, disse ao Guardian Rich Hardy, um dos responsáveis pelo movimento que quer mostrar que o veganismo pode ser “divertido e inclusivo”. Este ano, pela primeira vez, o desafio teve também um vídeo publicitário transmitido na Sky News e em canais televisivos nos Estados Unidos da América, Alemanha, Chile e África do Sul.
Em Portugal, está a decorrer também o Desafio Vegetariano, que envia a quem se inscrever (de forma gratuita) uma newsletter semanal com uma lista de ingredientes e receitas 100% vegetais, divididas por três menus: pratos tradicionais, ementas para famílias ou opções saudáveis para o pequeno-almoço, lanches, almoço e jantar. No site do projecto inspirado no Veganuary, partilham-se “dicas para quem está a começar a cozinhar”, exploram-se alguns mitos sobre alimentação e nutrição e divulgam-se documentários, nutricionistas, organizações e youtubers ligados ao veganismo.
“Cada vez há mais pessoas a demonstrar vontade de transformar os seus hábitos alimentares em hábitos mais saudáveis, sustentáveis e, acima de tudo, mais éticos. Só não dão esse passo por não saberem bem como, até porque há ainda muitos mitos sobre a alimentação de base vegetal”, contava ao P3, em 2019, João Galvão, o coordenador do movimento criado por um grupo de amigos em 2017. Até 2 de Janeiro de 2020 inscreveram-se no desafio português 500 pessoas, num total de dez mil participantes desde o início de 2018, diz ao P3 Elisa Ferreira, advogada e coordenadora da Aliança Animal, uma das promotoras do desafio.
Este ano, também os criadores da Veond, uma app portuguesa que reúne ofertas promocionais para vegetarianos, decidiram começar o ano a lançar um eBook que, além de receitas, contém o testemunho de pessoas que optaram por uma dieta de base vegetal, desde atletas a mulheres grávidas.
“Uma dieta vegetariana, desde que bem planeada, é saudável, adequada e poderá ser benéfica para a saúde, nomeadamente na prevenção e tratamento de algumas doenças”, lê-se num guia do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, da Direcção-Geral da Saúde, divulgado em 2015. O documento disponível online aconselha quem quiser fazer alterações na alimentação a consultar um profissional de saúde, de forma a acautelar possíveis carências alimentares e a fazer a transição de forma faseada — como todas as resoluções de ano novo.