Em 2020, hospitais voltam a não poder aumentar número de trabalhadores sem visto da tutela

Primeiro despacho do novo secretário de Estado da Saúde criticado pelo presidente da associação de administradores hospitalares. “É objectivamente necessário contratar mais pessoas, até para reduzir custos com as horas extraordinárias”, diz Alexandre Lourenço.

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PAULO PIMENTA

Os hospitais vão continuar impedidos de aumentar o número de trabalhadores sem a autorização prévia do Ministério da Saúde no próximo ano, segundo um despacho publicado terça-feira.

Assinado pelo novo secretário de Estado da Saúde, António Sales, o despacho estabelece que as entidades do Ministério da Saúde estão impedidas de aumentar o número de trabalhadores face ao registado este ano, só o podendo fazer em casos excepcionais e mediante autorização da tutela.

O documento indica que “as entidades não deverão aumentar o número de trabalhadores, face ao registado em 2019, a não ser em situações excepcionais avaliadas e aprovadas, caso a caso, pela tutela”.

“A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) dará conhecimento do presente despacho às entidades relevantes do Ministério da Saúde”, lê-se no despacho, o primeiro assinado pelo novo secretário de Estado.

O despacho do secretário de Estado indica ainda que é da responsabilidade de cada gestor “garantir que as despesas com pessoal que propõe são consistentes com um orçamento equilibrado”.

Em resposta à Lusa, o Ministério da Saúde indica que o despacho serve para emitir orientação “em sede de elaboração e submissão dos mapas de pessoal”, sendo uma prática “normal e repetida”. “No despacho de 2019, respeitante aos mapas para 2020, foram reiteradas - em igual sentido - as orientações dos anteriores despachos”, indica o Ministério.

O Ministério da Saúde refere ainda que o “acautelar de necessidades prementes” está previsto no despacho, mas sublinha que é necessário “o reforço de mecanismos para uma correcta e indispensável avaliação da tutela com vista a uma gestão eficiente, eficaz e sustentável dos recursos humanos”.

“A gestão de recursos humanos no SNS é um dos grandes desafios da Saúde actualmente. A contratação de profissionais da saúde é um processo de gestão flexível e global”, sustenta a tutela, que aproveita para reforçar que o SNS tem actualmente mais 12.534 trabalhadores do que em 2015, nomeadamente mais 3.150 médicos e mais 5.606 enfermeiros.

A Associação dos Administradores Hospitalares lamenta que a nova equipa ministerial insista em soluções que não funcionam e que limitam a autonomia dos hospitais. “Não vejo este despacho como positivo. Sabemos que há necessidade de recursos humanos. É objectivamente necessário contratar mais pessoas, até para reduzir custos com as horas extraordinárias, por exemplo”, reagiu o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço.

O representante dos administradores hospitalares lamenta que o Ministério da Saúde não apresente novas soluções para os problemas do SNS já identificados, sublinhando que até os grandes hospitais já vivem com dificuldades em termos de recursos humanos.

“Seria suposto que esta nova equipa ministerial conseguisse encontrar respostas, novas respostas, com os parceiros, com as instituições e com os profissionais, em conjunto”, considerou.