Homens são os “maiores agentes” na abertura das Forças Armadas às mulheres, defende ministro

O ministro da Defesa atribui aos homens o papel de “maiores e mais importantes agentes de mudança na abertura das Forças Armadas à presença de mulheres”.

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João Gomes Cravinho condenou "a mentalidade de século XIX, que entende que o lugar das mulheres é exclusivamente na retaguarda, em casa, no papel de mãe ou de esposa". LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O ministro da Defesa Nacional atribuiu esta segunda-feira aos homens o papel de “maiores e mais importantes agentes de mudança na abertura das Forças Armadas (FA) à presença de mulheres”, num seminário, em Lisboa.

João Gomes Cravinho discursava no evento “Promoção da Igualdade de Género na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), no Instituto Universitário Militar, e condenou “a mentalidade de século XIX, que entende que o lugar das mulheres é exclusivamente na retaguarda, em casa, no papel de mãe ou de esposa”.

“Infelizmente essa mentalidade ainda está presente e por vezes ouvem-se vozes ultramontanas a zurzir contra um mundo que já não compreendem, mas isso pouco importa: haverá sempre quem queira regressar a séculos anteriores”, disse.

Para o responsável governamental, “a Defesa Nacional não é e não pode ser, uma excepção neste processo rumo à igualdade” e “só uma Defesa Nacional que seja o reflexo da sociedade que ambicione ser um motor de progresso e de liderança, poderá ser uma fonte inspiradora para os jovens a servir nas fileiras”.

“E nesse processo, os homens são os maiores e mais importantes agentes de mudança na abertura das Forças Armadas à presença de mulheres, em cada vez maior número e em funções cada vez mais variadas. As lideranças, na sua esmagadora maioria ainda masculinas, devem ter políticas de tolerância zero a toda e qualquer forma de discriminação de géneros. E esta discriminação é muitas vezes manifestada de forma informal, na interacção que acontece nas academias, nas bases, nas estruturas”, continuou.

Segundo o ministro da Defesa, “o fundamental é” saber “combater as barreiras invisíveis, profundamente enraizadas, que continuam a impedir uma jovem mulher de imaginar que pode servir nas fileiras das FA, ou de a impedir de desempenhar funções operacionais nas armas combatentes, ou de ser uma general de quatro estrelas, ou uma Chefe do Estado Maior-General das FA (como aliás já acontece hoje na Eslovénia), ou que possa ser o que ela bem entender e for capaz de alcançar”.

“É para progredir rumo a esta direcção que, em linha com os esforços do governo, aprovámos este ano o Plano Sectorial da Defesa para a Igualdade, para o triénio 2019-2021. Este plano apresenta um conjunto ambicioso, mas realista, de metas a atingir pelas diferentes entidades da defesa. Estamos a acompanhar a sua implementação e mantemos as questões relativas à igualdade como um eixo prioritário da nossa acção. A criação em Julho passado, do Prémio da Defesa Nacional e Igualdade é mais um passo nesse rumo”, destacou, mostrando-se ainda satisfeito por “a larga maioria” dos membros da CPLP já ter “em vigor planos semelhantes”.