Sintomas da menopausa interferem na vida profissional de quase um quarto das mulheres

O inquérito revela ainda que 85% das mulheres procura informação sobre a menopausa junto do médico de família, 35% do ginecologista, 30% do farmacêutico e 28% na Internet.

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Guille Álvarez/Unsplash

Os sintomas da menopausa afectam negativamente a vida pessoal da maioria das mulheres, interfere na actividade profissional de quase um quarto e em 5% provoca mesmo absentismo laboral, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG). “A menopausa tem custos económicos e sociais sobretudo numa fase da vida da mulher em que muitas vezes tem responsabilidades profissionais muito exigentes”, disse a presidente da secção de menopausa da SPG, Fernanda Geraldes, que falava à Lusa a propósito da conferência “Mulheres sem pausa”, que decorre na terça-feira para assinalar o Dia da Menopausa, celebrado a 18 de Outubro.

Segundo a médica ginecologista, a menopausa quando apresenta sintomas afecta negativamente a vida da mulher do ponto de vista profissional, mas também pessoal, com 80% a apresentarem sintomatologia vasomotora (calores e afrontamentos), 66% a terem alterações do sono, 24% dor nas relações sexuais e 23% redução do desejo sexual.

Fernanda Geraldes citou um inquérito nacional, realizado em Maio de 2018, que envolveu mulheres entre os 45 e os 60 anos, segundo o qual o aumento de peso é o sintoma associado à menopausa mais receado pelas mulheres, apontado por cerca de 46% das inquiridas, logo seguido da ansiedade/depressão e só em terceiro lugar a sintomatologia vasomotora. O medo de cancro e da osteoporose surge em quarto e quinto lugar e o envelhecimento aparece em sexto.

Perante a frase “estou satisfeita com o meu visual”, a resposta “muito satisfeita” é mais frequente no grupo que ainda não está na menopausa, sendo que o “satisfeita” é semelhante nos dois grupos. O aspecto mais negativo é mais frequente no grupo da menopausa.

Quanto ao grau de satisfação sexual, 54% disseram estar “satisfeitas”, não havendo diferença entre os dois grupos, mas “muito satisfeita” é mais referido pelas mulheres que ainda não estão na menopausa, enquanto “pouco e nada satisfeita” são mais apontados pelas mulheres em menopausa.

Mais de metade (57%) contaram que os sintomas interferem com a vida diária. Sobre os aspectos da vida pessoal mais afectados, 22% disseram a vida familiar e conjugal, 20% a vida sexual e 14% a vida social.

O inquérito revela ainda que 85% das mulheres procura informação sobre a menopausa junto do médico de família, 35% do ginecologista, 30% do farmacêutico e 28% na Internet.

Para Fernanda Geraldes, a menopausa continua a ser um tema tabu, porque “é associada na maioria das vezes a uma fase de declínio da mulher — envelhecimento, aumento de peso, menos atractiva, fim da capacidade de procriação e da sexualidade — e em termos profissionais ser algumas vezes dispensada em prol das mulheres mais novas”.

“Esta visão é muitas vezes sentida pela própria mulher e verbalizada pela própria, mas também pela sociedade que a rotula dessa forma”, disse, lamentando que este sentimento ainda seja preponderante. Contudo, frisou, “já há um grupo de mulheres na menopausa que procuram ajuda e já não se assumem dessa forma e conseguem mesmo alterar a visão que a sociedade tem delas”.

Por estas razões, defendeu, o tema da conferência “Mulheres sem pausa faz todo o sentido porque embora estas mulheres apresentem uma “pausa” da menstruação e da sua fertilidade não devem fazer outras “pausas” nas suas vidas”. “É precisamente por este objectivo que estamos todos aqui reunidos. Sentimos que, desta forma, poderemos todos juntos ajudar a alterar o panorama da menopausa em Portugal e contribuir para a saúde e bem-estar da mulher nesta fase da vida”.