Ana vai à Cimeira da Juventude para o Clima falar sobre educação ambiental
A ecodesigner faz parte do grupo de jovens que vai participar na primeira Cimeira da Juventude para o Clima, em Nova Iorque, a 21 de Setembro. A activista brasileira a viver em Lisboa criou duas plataformas online para alertar as pessoas sobre as alterações climáticas.
Ana Magalhães foi convidada pelas Nações Unidas para participar na Cimeira da Juventude para o Clima, um evento internacional que acontece a 21 de Setembro, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Foram mais de 7000 os jovens entre os 18 e os 29 anos que se inscreveram nesta acção, mas apenas 500 foram seleccionados. Após demonstrar as suas soluções de combate às alterações climáticas na plataforma Atelier Caravela, no blogue Mais Planeta e nos seus vídeos do YouTube, a activista e ecodesigner foi uma das escolhidas para participar numa iniciativa que reúne jovens activistas, empreendedores e pessoas com ideias inovadoras em prol de um objectivo comum: a partilha de soluções para a crise climática.
A jovem de 28 anos, natural do Brasil, está a morar na Europa há seis anos. Mudou-se para Lisboa há cerca de um ano, “porque estava à procura de um lugar mais quente para morar”, e desde então tem desenvolvido vários projectos sobre educação ambiental e, mais propriamente, sobre os oceanos. Como revelou ao P3, os vídeos que faz explicam às pessoas a influência que o ambiente tem nas suas vidas. De uma forma simples, “uma vez que os vídeos são curtos”, a activista tenta “gerar uma mudança mais significativa” na sociedade.
Com duas plataformas online dirigidas essencialmente para os jovens, a ecodesigner considera essencial despertar o público para as alterações climáticas, tendo em conta que “a informação que existe sobre o tema é difícil de entender”.
Foi com os seus projectos e o trabalho que desenvolveu na UNESCO, durante quatro meses, como consultora, que chegou o convite para fazer parte deste encontro, cujas despesas ficam a cargo da entidade organizadora. Para a jovem, “este é um evento histórico, onde se vão discutir as acções que os países podem levar a cabo no que respeita às alterações climáticas”. “Os jovens do mundo inteiro vão poder participar mais activamente” nas questões globais.
Mostrando-se “entusiasmada por ter a oportunidade de participar na cimeira”, como se pode ler na sua página do Instagram, a jovem brasileira crê que “as mudanças do clima requerem que os líderes mundiais tomem medidas urgentes, sendo por isso “importante unir os jovens” nesta acção. Também António Guterres, num vídeo da ONU, apelou “aos jovens de todo o mundo que acompanhem a cimeira online e sejam impulsionadores da acção climática nos próprios países”.
A activista começou a sua jornada em 2018, quando visitou Bali, na Indonésia. Ao participar na limpeza da praia Kuta percebeu que os problemas ambientais causados pelo homem eram mais graves do que imaginava. “Eu nunca tinha visto uma praia tão suja e isso chocou-me muito.” A partir daí, decidiu que estava na hora de fazer alguma coisa sobre isso e “inspirar mais pessoas a mudar”. Assim surgiu o Atelier Caravela, uma plataforma sobre ecodesign, onde Ana Magalhães também vende produtos sustentáveis. É exemplo disso a palhinha de vidro, uma alternativa aos plásticos descartáveis. Tendo em conta o sucesso do produto, está agora a terminar um outro projecto, nada mais do que um copo de bolso que permite que a pessoa o possa levar para todo o lado. Depois de beber, fecha-se o copo e este cabe dentro de um bolso ou da mala, não ocupando muito espaço.
Para além desta plataforma, Ana Magalhães criou também o site Mais Planeta, sobretudo focado na sustentabilidade e no que cada um de nós pode fazer para solucionar a crise ambiental. Aliás, a jovem, que pretende ser “educadora ambiental” — e que já deu vários workshops e palestras —, acredita “no poder do indivíduo e na forma como este pode contribuir para reduzir a pegada de carbono, através de pequenos gestos”.
Arquitecta, ecodesigner e mestre em Ordenamento Marítimo, Ana Magalhães resolveu seguir a área da educação ambiental em 2013, quando começou a estudar ecodesign e se apercebeu de que “não [se] encaixava nos empregos ditos convencionais”, ambicionando “criar um projecto por conta própria, em que pudesse ensinar as pessoas”. Neste sentido, e por achar que ainda há uma certa “falta de entendimento sobre os impactos ambientais que causamos no planeta”, pretende “chegar ao maior número de pessoas possível”. “Uma só pessoa a consumir menos plástico talvez não tenha muito impacto. Mas se uma pessoa influenciar outras à sua volta, podemos estar perante um movimento mais significativo”, exemplificou.
Agora, e depois de perceber que “a área do ambiente é mais valorizada e bem vista na Europa do que no Brasil”, a jovem activista vai começar, ainda em Setembro, a trabalhar com a Universidade Nova de Lisboa num projecto sobre a investigação dos plásticos.