Modelos exclusivos de Iris Apfel brilham em nova galeria do Peabody Essex

Com quase 98 anos, a “ave rara” da moda é um dos destaques da nova ala que o museu norte-americano inaugura a 28 de Setembro.

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No início do ano, a empresária assinou com a agência IMG Models IMG Models

Integrada numa nova ala com cerca de quatro mil metros quadrados, desenhada pelo premiado atelier Ennead Architects, a secção de Moda e Design do conhecido Peabody Essex Museum (PEM), em Salem, Massachusetts (EUA), vai integrar uma instalação com dedo de Iris Apfel, a irreverente empresária que, prestes a completar 98 anos (a 29 de Agosto), continua a provocar e a assumir-se como um ícone da moda norte-americana.

Em 2004, Apfel já tinha sido convidada a expor os seus exuberantes acessórios e conjuntos no Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque — um projecto que culminaria num documentário de Albert Maysles, em múltiplos convites (foi capa, entre outras, da Stylist) e distinções (ganhou o prémio Ícone Global de Estilo da WGSN), além do lançamento do livro Rare Bird of Fashion – the Irreverent Iris Apfel (ed. Thames & Hudson Ltd). Agora, numa espécie de pescadinha de rabo na boca, está de volta ao início, integrando um projecto museológico.

Iris Apfel Willy Soma / Peabody Essex Museum
Avestruz. Colecção Iris Apfel Walter Prata / Peabody Essex Museum
Brad Sells, Whirl, 2003. Cerejeira. Objecto doado por Lillian Montalto Bohlen em homenagem a Robert Bohlen Peabody Essex Museum
Vestido bordado, 1878-1879. Lã, seda, algodão. Doado por David O. Ives Peabody Essex Museum
Brad Sells, Whirl, 2003. Cerejeira. Doado por Lillian Montalto Bohlen em homenagem a Robert Bohlen Peabody Essex Museum
Mark Bressler, Superman Mini, 2009, Papel, laca. Doado por Lillian Montalto Bohlen em homenagem a Robert Bohlen Peabody Essex Museum
Vestido bordado (detalhe), 1878-1879. Lã, seda, algodão. Doado por David O. Ives. Peabody Essex Museum
Jonathan Peele Saunders e Samuel Field McIntire, sofá, 1815-1820. Mogno. Doado por Mrs. Robert Johnston Dennis Helmar / Peabody Essex Museum
Sebastian Errazuriz, 12 Sapatos para 12 Amantes, 2013. Impressão 3D, plástico ABS, resina, acrílico Kathy Tarantola / Peabody Essex Museum
Kantha (almofada têxtil). Algodão. Doado por Davida Herwitz Fine Arts Trust Kathy Tarantola / Peabody Essex Museum
Sung Sing Kung, Moon Bed. 1876. Acácia, madeira asiática, marfim. Doado por Robert W. Sarnoff. Alison White / Peabody Essex Museum
Hal Metlitzky, Gre Vortex, 2011. Noz, madeira, ébano, imbuia, laranjeira-de-osage. Doado por Lillian Montalto Bohlen em homenagem a Robert Bohlen Peabody Essex Museum
Alexeer McQueen, vestido, 2007. Veludo, cetim. Doação anónima Walter Prata / Peabody Essex Museum
David Gaussoin (Picuris Pueblo) e Wayne Nez Gaussoin, Postmodern Boa, 2009. Aço inoxidável, prata de lei, esmalte, penas Peabody Essex Museum
Dale Nish, Untitled, 1984. Cinza. Doado por Lillian Montalto Bohlen em homenagem a Robert Bohlen Peabody Essex Museum
Rico Lanaat’ Worl (Tlingit/ Athabascan do Alasca), prancha de skate, 2014. Madeira, tinta Peabody Essex Museum
Artista americano, vestido, 1719. Lã, seda. Doado por Mrs. William C. West Peabody Essex Museum
Artista chinês, messa; espelho. 1730. Esmalte, laca, madeira, vidro, metal. Doado por Richard Milhender Peabody Essex Museum
Chanel, botas, séc. XXI. Couro. Doado por Joanna Prager Johnsen, Marcy Prager e Daniel Prager Peabody Essex Museum
Shains Shoe Manufacturer, Jacques Heim, sapatos. 1960. Couro, miçangas. Doado por Mr. e Mrs. Allen Sweet Peabody Essex Museum
Chapéu. Penas. Doado por Leslie Churchill Peabody Essex Museum
Christian Louboutin, sapatos, séc. XXI. Doado por Joanna Prager Johnsen, Marcy Prager e Daniel Prager Peabody Essex Museum
David Ellsworth, Intersphere from Solstice Series, 1991. Cinza, corante. Doado por Lillian Montalto Bohlen em homenagem a Robert Bohlen Peabody Essex Museum
Artista suaíli, cadeira, trono, séc. XIX. Fibras vegetais, madeira, osso. Doado por Mrs. Elizabeth Williams, Mrs. Mary Ropes Trumbull e Miss Ruth Ropes Peabody Essex Museum
David Ellsworth, Intersphere from Solstice Series, 1991. Cinza, corante. Doado por Lillian Montalto Bohlen em homenagem a Robert Bohlen Peabody Essex Museum
Nick Cave, Untitled, 2013. Mixed media. Compra em parceria com o Willoughby Stuart Memorial Fund Walter Prata / Peabody Essex Museum
Artista japonês, figura, anterior a 1883 Peabody Essex Museum
Artista aleúte, capa, 1824-1827. Intestino, pele, tintura. Doado por Seth Barker Peabody Essex Museum
Sidney R. Hutter, Vertical Vase #5, 1997. Cristal, tintura. Doado por Samuel C. Crocker Peabody Essex Museum
Artista nimiipuu (Nez Perce), camisa. 1840. Garras, pele de antelope ou de cabra-montês, lã, vidro, espinhos de porco-espinho. Doado por Edward B. Rushford Peabody Essex Museum
Artista japonês, nimaiba geta (tamancos de cortesã), finais de séc. XIX. Madeira, palha, veludo, laca. Doado por Edward Sylvester Morse Peabody Essex Museum
Artista chinês, tecido para colcha. Algodão. Doado por Alfreda Murck Peabody Essex Museum
Donald Derry, Mother e Daughters, 2002. Folhas de carvalho, tintura, laca. Doado por Lillian Montalto Bohlen em homenagem a Robert Bohlen Peabody Essex Museum
Artista tuaregue, alforge. Couro, tinta, metal. Doado por Dr. D Carleton Gajdusek Jeffrey Dykes / Peabody Essex Museum
Manolo Blahnik, botas, 2004. Seda. Colecção Iris Apfel Bob Packert / Peabody Essex Museum
Fotogaleria
Iris Apfel Willy Soma / Peabody Essex Museum

Na galeria de Moda e Design do PEM, que reunirá objectos de origens tradicionalmente antagónicas, a proposta é para compreender “o que subjaz às nossas motivações e à nossa capacidade de nos projectarmos a nós próprios e ao mundo que nos rodeia” quando recorremos a esses acessórios, sejam de adorno ou não, refere o comunicado do museu. Porém, há um conjunto de objectos que se destacam e que provêm directamente da colecção compilada para Rare Bird of Fashion – the Irreverent Iris Apfel.

Além dos acessórios e roupas de Apfel, a galeria viaja pelo mundo com objectos que vão desde um vestido de 1719 até um conjunto com o selo Alexander McQueen, mas também uma capa de um artista aleúte do séc. XIX, um estojo de maquilhagem japonês do mesmo período ou um alforge tuaregue.

Um fenómeno chamado Apfel

Iris Apfel nasceu a 29 de Agosto de 1921, em Nova Iorque. Filha única de Samuel Barrel, que trabalhava em joalharia, e de Sadye Barrel, que comercializava roupas para mulheres, Apfel desde cedo teve um contacto próximo com o mundo da moda e acessórios. E com a idade o gosto não se desvaneceu, acabando por estudar História da Arte na Universidade de Nova Iorque.

Trabalhou no Women’s Wear Daily, um jornal dedicado à indústria da moda; como decoradora de interiores de Elinor Johnson; ou como assistente do ilustrador Robert Goodman. Até que, em 1948, o casamento com Carl Apfel (1914-2015) abriu-lhe novas portas ainda que no mesmo sentido: em conjunto, criaram a tecelagem Old World Weavers, cuja gestão mantiveram até à década de 1990, quando optaram por se reformar. Paralelamente, entre as décadas de 1950 e 1990, Iris Apfel foi responsável por vários projectos de decoração e restauro, nomeadamente para a Casa Branca.

Mas, mesmo com estes trabalhos com clientes de peso, a empresária era uma anónima até ser descoberta pelo Metropolitan Museum of Art com uma exposição, comissariada por Stéphane Houy-Towner, cujo retumbante sucesso levou a que fosse montada diversas vezes, em distintas localizações, nos anos que se seguiram.

Actualmente, Iris Apfel vive em Nova Iorque e mantém uma atitude muito activa, mostrando que a idade não impede (quase) nada e, já este ano, assinou com a agência IMG Models, cujo portfólio inclui Kate Moss, Nicola Peltz ou Noah Mills. No Instagram, Apfel é seguida por mais de 1,3 milhões de utilizadores.

PEM, em busca da grandiosidade

O Peabody Essex Museum está prestes a tornar-se num “dos maiores destinos de arte do país, localizado fora de um grande centro urbano”, lê-se na nota de intenções do mesmo. Sendo um dos espaços museológicos mais antigos do país — na sua origem está a fundação da Sociedade Marítima da Índia Oriental, datada de 1799 —, o espaço assume-se também como o “de mais rápido crescimento do país”. 

Esta nova expansão, orçamentada em 125 milhões de dólares (111,7 milhões de euros), inclui 1400m2 de novas galerias: além da de Design e Moda, há lugar para a Arte Marítima e a Arte Asiática e para muitas instalações, como The Pod, que investiga a nossa relação com a natureza através de experiências interactivas, ou Charles Sandison: Figurehead 2.0, uma instalação imersiva e dinâmica, inspirada na vasta colecção de registos de navios e diários de navegadores do século XIX.

Além das galerias, a nova ala incluirá ainda um átrio repleto de luz e uma área de 450m2 de jardim, projectado pelo gabinete de arquitectos paisagistas Nelson Byrd Woltz.

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