Oito minutos para INEM atender chamadas. Receios aumentam para Julho e Agosto
INEM justifica demora como “picos de serviço” e situações “absolutamente pontuais que representam excepções”. Dirigente sindical alerta para falta de pessoal e diz temer que Julho e Agosto seja pior
No mês de Junho houve períodos em que foi preciso esperar em média oito minutos para que fossem atendidas as chamadas que chegavam ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), quando o tempo recomendado é sete segundos. Um responsável sindical diz temer que a situação piore em Julho e Agosto, por causa da falta de meios.
A notícia faz a manchete do Jornal de Notícias desta segunda-feira e, segundo o diário, não é desmentida pelo INEM. O jornal adianta que houve alturas em que o tempo médio para atender uma chamada oscilou entre os seis e os oito minutos. Situações que fonte do INEM justifica ao diário como “picos de serviço”, “absolutamente pontuais”, representando “excepções àquela que é a situação dos CODU [Centros de Orientação de Doentes Urgentes]”.
Contudo, um dirigente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Hospitalar, citado no mesmo artigo, diz não estar surpreendido com os dados agora revelados, apontando a falta destes profissionais como a razão para a incapacidade de dar uma resposta mais rápida. Rui Lázaro diz mesmo que em Julho e Agosto “vai ser pior, quer a nível de meios, quer a nível do CODU”, adiantando que, a Norte, este mês, o CODU tem em média 15 operadores previstos por turno, quando o mínimo são 19. O INEM contrapõe dizendo que “as escalas estarão tão completas quanto possível”.
Ainda segundo o JN, entre 1 e 24 de Junho das 89215 chamadas recebidas pelo INEM, 9805 foram desligadas antes de o operador atender e apenas 49% destas foram recuperadas. Mesmo tendo em conta que existem chamadas que podem não ter como objectivo denunciar situações de emergência – há quem ligue a perguntar quanto tempo demora a ambulância ou pessoas que tentam ligar para alertar para uma emergência e percebem que a mesma já foi reportada –, não é possível saber quantas das 51% das chamadas não atendidas poderiam corresponder a casos desses.
O diário especifica que a 31 de Maio faltavam 403 técnicos de emergência pré-hospitalar no mapa de pessoal do INEM, pelo que a autorização dada pelo Governo para que se contratem 150 destes funcionários não resolverá o problema.
A garantia dada por fonte do INEM de que os problemas que se podem antecipar para estes dois meses de Verão serão diminuídos pela autorização já dada pelo Governo para que os trabalhadores possam realizar trabalho suplementar até 80% da sua remuneração-base não sossega o dirigente sindical do STEPH, que diz haver sempre faltas imprevistas e pessoas que são desviadas para as ambulâncias, referindo ainda que a insatisfação entre estes profissionais os deixa menos disponíveis para realizar horas extraordinárias.