Contestação popular trava projecto de zipline no Sítio da Nazaré
Projecto foi cancelado pela autarquia. CDU referiu-se a ele como sendo “um crime ambiental e paisagístico”.
A câmara da Nazaré decidiu anular o concurso para a instalação de uma zippline ou tirolesa entre o Sítio e a praia, desistindo do projecto contestado pela população pelo impacto sobre a imagem do promontório da vila.
A “oposição ao projecto “manifestada pela população anónima” levou a autarquia a “revogar a decisão de adjudicar o projecto” de instalação de uma zipline entre o sítio e a Praia, cujo concurso “estava a decorrer, mas ainda sem relatório do júri”, disse hoje à Lusa o presidente da câmara da Nazaré, Walter Chicharro.
A zipline ou tirolesa consiste na colocação de um cabo aéreo de aço ligando o Sítio (zona antiga da Nazaré) à praia, numa extensão de cerca de 800 metros.
O concurso público para a implantação do projecto foi lançado em Novembro de 2018 e previa concessionar a tirolesa uma empresa privada, por um período de 20 ou de 25 anos.
De acordo com os termos do concurso, a que a Lusa teve acesso, a torre de partida ficaria localizada num terreno pertencente ao domínio público municipal, situado a norte da Estrada do Farol, devendo a localização de chegada ser definida pelo concessionário.
Walter Chicharro disse esta terça-feira que à Lusa continuar a achar “a ideia muito interessante” e um produto turístico “que dinamizaria, durante todo o ano, um nicho de mercado mais virado para a fruição de experiências”.
Porém, “uma franja significativa da população manifestou, quer junto do executivo quer nas redes sociais, não concordar com o projecto, temendo que esta actividade pusesse em causa a imagem turística da Nazaré e do seu promontório”, acrescentou o autarca.
Walter Chicharro levou a sessão de câmara, na segunda-feira, uma proposta em que defendeu não dever “haver lugar à adjudicação da proposta da Geração Give – Inovação Valor e Estratégia, Lda.”, a única empresa concorrente, tendo sido aprovado o abandono do projecto.
A instalação da tirolesa tinha sido contestada também pela CDU e pelo Movimento Cívico pelo Promontório da Nazaré, que lançou a petição subscrita por mais de 700 pessoas.
Em comunicado, o Movimento saudou a decisão da autarquia, afirmando que “atalhou a tempo” uma decisão que “promoveria uma criminosa afronta ao património natural e ambiental mais simbólico da Nazaré”.
Por seu lado, a CDU, afirma que este era um “crime ambiental e paisagístico” que o PCP e o PEV (Partido Ecologista os Verdes) “combateram em toda a linha” na assembleia municipal da Nazaré, na Assembleia da República e no Parlamento Europeu onde “a voz dos deputados comunistas nunca se calou”.