Operação Marquês: Ricardo Salgado vai ao tribunal de instrução dia 8 de Julho
Ricardo Salgado não pediu a abertura de instrução do processo, alegando estar impedido de se defender.
O juiz de instrução Ivo Rosa vai interrogar Ricardo Salgado a 8 de Julho, no âmbito da Operação Marquês, apesar de o ex-presidente do BES não ter pedido a abertura de instrução, disse à Lusa fonte judicial.
Ricardo Salgado não pediu a abertura de instrução do processo, alegando estar impedido de se defender, por falta de segurança dos ficheiros das escutas e também pela elevada probabilidade de o juiz Carlos Alexandre dirigir esta fase processual, o que não viria a acontecer.
No requerimento dirigido ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) no ano passado, o ex-presidente do BES considerou que se verificava “um justo impedimento para o exercício do direito de defesa, na vertente de requerer a abertura de instrução, na medida em que a sua defesa está impossibilitada em aceder, em condições de segurança, aos ficheiros das escutas telefónicas que lhe foram disponibilizados pelo próprio Ministério Público (MP)”.
O ex-banqueiro reitera que “não praticou qualquer crime" e que nas 4083 páginas da acusação da Operação Marquês só existem “suposições atrás de suposições e presunções sobre presunções”. Considerando também as limitações de recurso dos arguidos na fase de instrução, o arguido disse “não pretender sujeitar-se ao risco de se submeter a este cenário”.
Em Janeiro, no final da primeira sessão da fase de instrução, o advogado de Ricardo Salgado referiu aos jornalistas que havia “documentos jurídicos muito válidos de outros arguidos que podem valer para todos”. Na ocasião, questionado sobre o estado de espírito do ex-banqueiro, o seu advogado disse que “desde 2014, altura da queda do BES, o seu estado de espírito é de lutar pela sua convicção, pela sua inocência, porque quiseram logo condená-lo”.
No processo da Operação Marquês, Ricardo Salgado está acusado de 21 crimes de natureza económico-financeira, nomeadamente corrupção activa de titular de cargo político, corrupção activa, branqueamento de capitais, abuso de confiança, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada.
A Operação Marquês tem como principal arguido o ex-primeiro-ministro José Sócrates, o qual está acusado de 31 crimes de corrupção passiva, falsificação de documentos, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. O inquérito, que começou há mais de cinco anos, culminou na acusação a 28 arguidos – 19 pessoas e nove empresas – e está relacionado com a prática de quase duas centenas de crimes económico-financeiros. Os arguidos Henrique Granadeiro, Zeinal Bava, Bárbara Vara, Joaquim Barroca, Helder Bataglia, Rui Mão de Ferro e Gonçalo Ferreira, empresas do grupo Lena (Lena SGPS, LEC SGPS e LEC SA) e a sociedade Vale do Lobo Resort Turísticos de Luxo pediram a abertura de instrução.