Jerónimo acusa PS de querer desfazer a “geringonça”

Comunistas acusam PSD e CDS de terem cedido ao ultimato de Governo e garantem coerência sobre a contabilização do tempo de serviço dos professores.

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Jerónimo de Sousa durante o almoço convívio LUSA/NUNO FOX

O secretário-geral do PCP acusou este domingo o PS de estar a tentar “desfazer a actual correlação de forças” no parlamento e reiterou que o partido manterá a sua posição sobre a contabilização do tempo de serviço dos professores. Dito de outra forma: os socialistas querem acabar com a “geringonça”. 

“O PS está a querer desfazer-se da actual correlação de forças e da força do PCP. Já todos compreenderam que é o calculismo eleitoral e a fixação pela maioria absoluta que leva o Governo a ameaçar demitir-se”, afirmou Jerónimo de Sousa. O líder comunista falava na Amadora, no distrito de Lisboa, durante um almoço de militantes, que decorreu no refeitório de uma escola secundária.

Jerónimo de Sousa comentava desta forma a polémica gerada pela aprovação da recuperação integral do tempo de serviço congelado para os professores, em comissão parlamentar de Educação, que levou o primeiro-ministro, António Costa, a anunciar na sexta-feira que o Governo se demitiria caso o parlamento aprovasse esta medida em plenário.

Durante a sua intervenção, o secretário-geral do PCP ressalvou que, apesar das ameaças de demissão do Governo, os comunistas serão “coerentes com a sua posição”, ao contrário de outros partidos, como o CDS-PP.

“A posição do PCP é coerente, reflectida e determinada ao contrário de outros, como o CDS, que, como se vê, simulam as suas posições ditadas por critérios de calculismo. Um tacticismo em que a palavra dada é retirada, procurando navegar à bolina. Da parte do PCP mantemos a nossa posição”, afirmou.

Estas críticas de Jerónimo de Sousa surgem no mesmo dia em que o CDS-PP, em comunicado, admitiu votar ao lado do PS contra o diploma dos professores se não forem aceites as condições do partido, como sustentabilidade financeira e crescimento económico. Por outro lado, ao fim da tarde deste domingo, o presidente do PSD, Rui Rio, num hotel do Porto uma declaração à imprensa sobre este tema, na sequência da reunião da comissão permanente do seu partido de sábado.

Entretanto, em comunicado enviado ao principio desta noite às redacções, os comunistas acusam a direita de ter cedido ao “ultimado do Governo” relativamente à proposta de contagem total do tempo de serviço dos professores e de convergir com o PS por “meros critérios de calculismo”.

"As declarações de Rui Rio e Assunção Cristas confirmam que o PSD e o CDS se moveram não pelo objectivo de dar resposta ao direito de contagem do tempo de serviço dos trabalhadores das carreiras especiais da administração pública, mas sim por meros critérios de calculismo”, refere o texto.

O PCP alega que a “mudança de posição do PSD e do CDS, mais do que uma cedência ao ultimato do Governo do PS, testemunha a convergência de posições com o PS sempre que é necessário para a manutenção de cortes”.