Lamas da barragem de Brumadinho contaminam 305 km do rio Paraopeba

Expedição da SOS Mata Atlântica mediu qualidade da água em 22 locais do rio que atravessa o estado de Minas Gerais.

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Habitantes locais pescam e tomam banho no rio Paraopeba, cujas águas estão contaminadas Washington Alves/REUTERS
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Operação de busca de vítimas continua Washington Alves/REUTERS
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Bombeiros militares limpam-se da lama depois de um dia de buscas Washington Alves/REUTERS

Pelo menos 305 km do rio Paraopeba, no sudeste do Brasil, estão contaminados com resíduos da actividade mineira após ruptura da barragem da empresa Vale em Brumadinho, que fez 166 mortos e 155 desaparecidos.

Esta é uma das conclusões de uma expedição de dez dias na região, realizada pela Fundação SOS Mata Atlântica e divulgado na quinta-feira, que analisou a qualidade da água em 22 locais do rio que atravessa o estado de Minas Gerais. “O resultado foi chocante: em todas as secções analisadas, a equipa não encontrou água em condições de uso” diz o relatório, cuja versão final deve ser apresentada a 27 de Fevereiro em Brasília.

Na última amostra obtida, a SOS Mata Atlântica constatou que o nível de turbidez foi três vezes superior ao permitido pela legislação brasileira.

As operações de resgate ainda continuam.

A Vale informou também na quinta-feira que está a monitorizar a qualidade da água em 48 pontos e prometeu tomar todas as medidas possíveis para garantir o abastecimento, tanto para o consumo humano quanto para as actividades agrícolas.

De acordo com outro cálculo divulgado por outra organização não-governamental, a WWF-Brasil, apenas no primeiro dia da tragédia a onda de lamas contaminadas destruiu pelo menos 125 hectares de floresta, o equivalente a 125 campos de futebol.

O presidente da Vale, Fábio Schvartsman, afirmou numa comissão parlamentar que a empresa é uma "jóia" para o Brasil e que "não pode ser condenada" pela ruptura da barragem em Brumadinho.

O Ministério Público sustenta, por sua vez, que a Vale, maior produtora de ferro do mundo, possuía dados desde Outubro de 2018 que alertavam para o risco de colapso da estrutura.