Vereador da Mobilidade de Lisboa defende cumprimento dos horários dos transportes públicos

Vereador admite que o transporte público tem vindo a perder passageiros porque a oferta do serviço disponível não responde às necessidades dos clientes.

Foto
Presidente da Carris diz que a distribuição modal de Lisboa é muito desiquilibrada face às restantes cidades europeias guilherme marques

O vereador da Mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa defendeu nesta terça-feira que o cumprimento dos horários fixados "é um primeiro grande passo" para que a população opte pelo uso dos transportes públicos, reconhecendo o "trabalho extraordinário" da rodoviária Carris.

"Quando perguntamos às pessoas o que querem, as pessoas só querem que o autocarro chegue a horas e o que o transporte público não lhes falhe", disse o vereador Miguel Gaspar, no âmbito da iniciativa "Mobilidade sustentável: transição para as cidades do futuro", que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Na perspectiva do vereador da Mobilidade, o transporte público tem vindo a perder passageiros ao longo das últimas décadas "porque, se calhar, sozinho não responde" às necessidades das pessoas, pelo que é necessário "um ecossistema a trabalhar de forma colaborativa e em conjunto".

"É no conjunto de soluções que conseguimos reduzir a dependência do carro", afirmou Miguel Gaspar, lembrando que os transportes públicos são uma prioridade assumida pela Câmara Municipal de Lisboa e manifestando-se confiante com o impacto positivo da criação do passe único da Área Metropolitana de Lisboa (AML).

Para o presidente da Carris, Tiago Lopes Farias, a palavra-chave para atrair mais pessoas para o uso do transporte público é "planeamento", com mais e melhor oferta, em que o grande desafio da cidade de Lisboa é "a repartição modal que é extremamente desequilibrada face a outras cidades europeias".

Neste sentido, Tiago Lopes Farias considerou "extraordinária" a criação do passe único da AML, referindo que se vive "um momento histórico" na área dos transportes públicos, em que "a Carris sabe que tem um papel estruturante" e "tem um programa muito ambicioso".

De acordo com a presidente da Transtejo/Soflusa, Marina Ferreira, existem duas questões fundamentais para atrair passageiros: cultural, porque durante muitos anos ter automóvel era um sinal de estatuto na sociedade, e qualidade da oferta, que "deve ser segura, regular e rápida", estando dependente de políticas públicas e investimento de funcionamento.

Sobre o passe único para a AML, Marina Ferreira indicou que existem duas faces da moeda, uma em que revolucionará a assunção de um preço máximo, já que "é imensuravelmente mais barato para uma família vir de Setúbal até Lisboa de carro próprio" do que de transportes públicos, e outra é que continuamos a ter empresas deficitárias, pelo que é necessário uma previsão de receita estável para fazer o planeamento e o investimento.

Para o primeiro-secretário da AML, Carlos Humberto Carvalho, "é uma vitória imensa" o caminho que está a ser feito no âmbito dos transportes públicos com a união de vontades de 18 municípios para a criação do passe único, a redução de bilhéticas, já que "são mais de seis mil os títulos de transporte na AML", e o estabelecimento de um sistema único de informação para a AML.

Assim, Carlos Humberto Carvalho classificou de "revolução" o que está a ser feito na área da mobilidade na AML, destacando os 32 milhões de euros que, em conjunto, os 18 municípios vão disponibilizar dos seus orçamentos para financiar a criação do passe único.

Segundo o especialista em Mobilidade Avelino Oliveira, o passe único nas áreas metropolitanas "vai ter que ser um sucesso".

"Vai haver problemas, vai haver grandes dificuldades, mas havendo condições de financiamento, acho que este é o caminho", sublinhou Avelino Oliveira, explicando que esta medida pode "permitir contaminar", depois, outras zonas do país na área da mobilidade.