FMI volta rever em baixa crescimento da zona euro
Fundo avisa que algumas das potências económicas mundiais já passaram do seu nível máximo.
Preocupados com os impactos de uma escalada dos conflitos comerciais e colocados perante os resultados menos fortes do que o previsto do arranque de 2018, os responsáveis do Fundo Monetário Internacional confirmaram esta terça-feira a revisão em baixa da suas projecções para a economia mundial, um destino a que não escapa a zona euro e que pode servir como um sinal de alerta para os governos numa altura em que preparam os seus orçamentos para o próximo ano.
Nas previsões de Outono publicadas pelo Fundo, o crescimento antecipado para a economia mundial é agora de 3,7% este ano e no próximo, um valor que fica 0,2 pontos percentuais abaixo das projecções que tinham sido efectuadas em Julho.
O relatório explica que “os riscos negativos para o crescimento global cresceram nos últimos seis meses e o potencial para surpresas pela positiva diminuiu”, concluindo que a expansão da economia mundial se tornou agora “menos equilibrada e pode ter atingido o seu máximo em algumas das principais economias”.
A zona euro é uma dessas economias onde esse pico já pode ter passado. O Fundo antecipa um crescimento de 2% este anos, retirando 0,2 pontos percentuais à anterior previsão, e um novo abrandamento para 1,9% em 2019.
Para Portugal, o FMI reafirma as projecções que já tinha feito quando publicou o relatório anual sobre o país, colocando por isso a economia nacional como uma das que, dentro da zona euro, mais abrandará no próximo ano, passando de um crescimento claramente acima da média europeia este ano (2,3% contra 2%) para um regresso a taxas de crescimento baixo da média (1,8% contra 1,9%).
Para o governo português, que está a menos de uma semana de apresentar a sua proposta orçamental, estas previsões de abrandamento constituem um alerta relativamente ao grau de optimismo que devem ter perante a conjuntura económica. No Programa de Estabilidade apresentado em Abril, o Executivo apontou para um crescimento de 2,3% em 2019, o mesmo resultado antecipado para o presente ano.
A concretização de um ritmo de crescimento económico mais lento do que o assumido como base pode ter um impacto negativo no nível de execução das receitas fiscais e de algumas das principais despesas com prestações sociais, nomeadamente o subsídio de desemprego, afectando a capacidade para atingir as metas do défice. Nos últimos três anos, a economia tem registado taxas de crescimento muito próximas e até mais altas que as assumidas pelo Governo nos cenários macroeconómicos dos seus orçamentos, um dos factores por trás do cumprimento das metas para o défice.