Depois de o pai se apaixonar pela alimentação saudável, Daniel e Francisco Reis apostaram na Origens Bio
Empresa vende produtos de origem biológica e vai começar a promover cursos e workshops com a ambição de mudar os hábitos alimentares dos portugueses.
Daniel estudou arquitectura; Francisco, marketing — ambos fizeram gestão. Os irmãos Reis não se imaginavam a seguir as pisadas do pai na empresa que este criou, mas acabaram por fazê-lo passando da distribuição de produtos alimentares de origem saudável para, paralelamente, a sua produção. A Origens Bio tem mais de cem referências, da água de coco — a primeira portuguesa — ao azeite biológico, passando pelas refeições prontas, bebidas, snacks e superalimentos.
“Somos os únicos [no mercado] que trabalhamos [com] três temperaturas: ambiente, refrigerada e congelada”, resume Francisco Reis, o irmão mais novo, acrescentando que a empresa procura fazer um equilíbrio entre os produtos do “dia-a-dia” e os “inovadores”. “Temos produção própria e fazemos pesquisa, produção e desenvolvimento. Fomos criando artigos diferenciadores e queremos continuar a lançar outros. Este ano já lançámos mais de 30”, continua.
A empresa Equanto nasceu há 23 anos com o gosto do pai, António Reis, pela alimentação saudável. Inicialmente, distribuíam produtos de outras marcas — o que continuam a fazer —, e só em 2005 é que nasce a Origens Bio, uma marca própria de produção de produtos alimentares de origem biológica. Actualmente têm 43 funcionários e vão mudar para instalações maiores, permanecendo em Arruda dos Vinhos.
A ideia é ter “um produto para cada momento do dia”. A outra ambição é ser um dos “principais players do mercado e promover uma produção e alimentação saudável”, declara. Para isso, a marca está apostada em “alterar os hábitos alimentares” dos portugueses. Como? Juntando cozinheiros e nutricionistas, assim como profissionais de marketing, para desenvolver produtos, receitas e eventos, tais como os workshops que Ana Maria Silva faz. A nutricionista trabalha em desenvolvimento do produto na empresa e é responsável pelas receitas publicadas na página de Instagram da Origens Bio.
Produtos do mundo inteiro
Desde cedo que os dois irmãos perceberam a “imensa dificuldade” que existe na venda de produtos biológicos. Afinal, ambos começaram na área comercial e sentiram na pele a dificuldade em vender numa época em que “ninguém sabia o que era um produto biológico”. Hoje já existe essa percepção, mas “há dificuldade em fazer a transição de um hábito alimentar para uma alimentação saudável e existe o preconceito de que não é saborosa”, continua Francisco Reis.
Algumas das receitas que Ana Maria Silva fez num workshop para jornalistas, em Lisboa, revelam que a alimentação saudável tem sabor e que esse pode ser doce, como, por exemplo, usando leite de coco condensado — “tem muita gordura, mas menos açúcar”, explica.
“O nosso interesse é vender e por isso fazemos as receitas”, justifica Daniel Reis, o irmão mais velho, lembrando que, para já, as exportações são residuais, mas que já estão a chegar ao mercado europeu. “Queremos expandir a nossa marca, mas continuar a vender as restantes, que nos complementam”, justifica. A venda faz-se nas grandes superfícies, mas também directamente à restauração.
Os clientes são heterogéneos e de diferentes idades. Existem os “pioneiros do biológico”, ou seja, as pessoas com a idade do pai, os que criaram as associações. Depois, os que estão na faixa dos 35-45 anos — “esses são o grosso dos nossos clientes, que apostaram na alteração dos hábitos alimentares. É com eles que começou a ‘grande revolução’”, caracteriza Francisco Reis. E existem ainda os mais jovens — “o que nos dá esperança de que a alimentação saudável não é uma moda, mas está para ficar”, acrescenta.
Quanto aos produtos, estes chegam um pouco de todo o mundo, sempre com certificação biológica, asseguram — por exemplo, a quinoa vem do Peru, o coco do Sri Lanka, a spirulina da China. “Só temos um produto de origem portuguesa, que é o cogumelo shiitake. A maior parte dos produtos não se fabrica em Portugal — não há quantidade suficiente ou o preço não é competitivo para o cliente”, justifica Francisco Reis. “A produção nacional tem de ser mais trabalhada”, avalia Daniel Reis.