Cinemas portugueses perderam 1,3 milhões de espectadores no primeiro semestre de 2018
As Cinquenta Sombras, Vingadores: Guerra do Infinito e Deadpool 2 foram os mais vistos mas receitas caíram 13,9%. 2017 foi o ano melhor nas bilheteiras portuguesas desde 2010.
Depois de cinco anos de crescimento e, no fundo, recuperação nos cinemas em Portugal, o número de portugueses nas salas de cinemas diminuiu no primeiro semestre de 2018. Os sinais de que os primeiros seis meses do ano não estavam à altura de resultados como os de 2017 já se faziam sentir, e mesmo com As Cinquenta Sombras Livre e Vingadores: Guerra do Infinito com boas receitas, a quebra foi de 17% no número de espectadores – menos 1,3 milhões de pessoas no cinema do que no primeiro semestre do ano passado.
Os números semestrais do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), que compila estes dados, foram revelados esta quarta-feira e mostram que a quebra no número de espectadores (mais precisamente 1,353 milhões de pessoas) tem uma perda correspondente de 13,9% nas receitas. Estas fixaram-se nos 35,6 milhões de euros, menos 5,7 milhões de euros do que no mesmo período em 2017.
O ano passado foi o melhor em Portugal para a exibição de cinema em sala, com a fasquia dos 15 milhões de espectadores, um número que já não era visto desde 2011, a ser ultrapassada e com as receitas mais elevadas desde 2010 no total dos seus 12 meses. De Janeiro a Junho foram vendidos 6,5 milhões de bilhetes, e no mesmo período de 2018 foram vendidos quase 8 milhões (7,944 milhões).
O ICA indica ainda que os filmes mais vistos foram maioritariamente os habituais capítulos de séries ou franchises, filmes de super-heróis ou de animação, com as excepções The Post, de Steven Spielberg, e Agente Vermelha, um filme de acção com Jennifer Lawrence. O top é encimado por As Cinquenta Sombras Livre e Vingadores: Guerra do Infinito, com 430 mil e 403 mil espectadores, respectivamente, seguidos por Deadpool 2, Black Panther, Tomb Raider, Peter Rabbit, Mundo Jurássico: Reino Caído, The Post, Jumanji: Bem-vindos à Selva e A Agente Vermelha.
Entre os filmes portugueses, houve 15 estreias nos primeiros meses de 2018 e a mais popular foi Bad Investigate, de Luís Ismael, que teve 45 mil espectadores, seguido por Soldado Milhões, Ruth, O Capitão, Cabaret Maxime, O Fim da Inocência, Aparição, Colo, Ramiro e Zama.
As tendências na distribuição, exibição e origem dos filmes mais vistos mantêm-se: a Nos Lusomundo Audiovisuais e a Big Picture são maioritárias na distribuição e a Nos repete a maior quota na exibição, com os filmes europeus a representar 45,6% das estreias em território nacional e os norte-americanos a concentrar 37,9% das mesmas. Contudo, como assinala o ICA, o aparente domínio europeu na paisagem das salas portuguesas é contrariado pelos números de espectadores – são os filmes americanos os mais vistos, com 73,7% da audiência e com os europeus a chamar apenas 9,6% dos espectadores aos cinemas.
Os números do primeiro semestre de 2018 não definem, naturalmente, o que serão os resultados finais de um ano de exibição de cinema em Portugal em que estão ainda por estrear filmes de franchise como o novo Missão Impossível: Fallout, Halloween, Aquaman ou The Predator, o novo Spike Lee, BlacKkKlansman, First Man de Damien Chazelle, Creed II, o remake de Suspiria, de Dario Argento, ou o aguardado biopic dos Queen Bohemian Rhapsody. Mas é notória a ausência da lista dos mais vistos de Janeiro a Junho de um filme Star Wars (Solo: Uma História Star Wars) e falta ainda contabilizar o verdadeiro impacto nas contas de Ocean’s 8, que parece não ter feito mossa no mercado, ou da animação Incredibles 2, tradicionalmente chamarizes de público de Verão e que se estrearam já em meados ou no final de Junho.