O festival chinês do barco-dragão festeja-se com moliceiros

A cidade acolhe neste sábado pela primeira vez o festival tradicional chinês do “barco-dragão” organizado pelo Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro.

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Adriano Miranda

É uma tradição milenar chinesa mas neste sábado está de visita a Aveiro. Durante toda a tarde, a cidade recebe a primeira recriação do festival do “barco-dragão”, um festival que remonta ao ano 277 a.C. e se realiza todos os anos no quinto dia do quinto mês do calendário lunar chinês em memória do poeta e patriota Qu Yuán. 

Na primeira parte da tarde, as actividades estarão ligadas à festividade chinesa com a dramatização da lenda do barco-dragão, a exibição de trajes da época, a dança do dragão e outras danças tradicionais chinesas. Os visitantes poderão ainda assistir à demonstração de artes marciais e de jogos tradicionais e degustar o zòngzi, um doce típico que é confeccionado com arroz glutinoso e embrulhado em folhas de bambu.

O festival celebra o facto do poeta Qu Yuán, ao receber notícias que a capital do seu país, o Reino Chu, tinha sido ocupada pelas tropas do Reino Qín, se atira ao rio Mìluó Jiang por não suportou a tristeza.

Ao receber a notícia de que Qu Yuán morrera afogado, a população chinesa percorreu o rio em barcos, lançando arroz à água para impedir que o corpo fosse comido pelos peixes.

Ao contrário do festival que este ano acontece no dia 18 de Junho na China, o festival aveirense quer cruzar a tradição dos moliceiros e dos mercantéis, barcos tradicionais aveirenses, com a tradição chinesa dos barcos.dragão. “Aqui não existem barcos dragão como na China. Existem sim moliceiros ‘vestidos’ de dragão que, por volta das 18h30, vão desfilar por Aveiro decorados na proa com uma cabeça da criatura mítica. Os ocupantes dos barcos terão também direito a um equipamento da mesma cor e cada barco terá uma cor diferente”, explica Carlos Morais, professor do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro e um dos organizadores do festival. 

Os tambores chineses acompanharão o ritmo dos barcos e a largada de balões tradicionais chineses e biodegradáveis que assinalará o fim do festival. 

O objectivo da celebração não passa só por divulgar a cultura chinesa mas também por “mostrar à população que em todas as culturas há pontes de contacto e se nós as conseguirmos atravessar estamos a contribuir para uma convivência pacífica e para o sublinhar da interculturalidade de povos tão distantes como é o nosso e o chinês”, explica Carlos Morais.

Segundo a organização, estão presentes nas festividades diversos representantes da embaixada chinesa em Portugal bem como agência noticiosa Xinhua que transmitirá o festival na íntegra para a China.

Das actividades do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro, para além do ensino da língua, constam todos os anos vários eventos que pretendem dar a conhecer à população muitas das actividades culturais da China, como o Ano Novo Chinês organizado em Aveiro e Lisboa e o Festival das Lanternas em São João da Madeira.

Texto editado por Ana Fernandes

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