Banksy (já não) oferece arte a quem votar contra Theresa May
O artista anunciou na sua página que ofereceria cópias de uma das suas obras a todos os eleitores que, no dia 8 de Junho, votem contra o partido conservador. Mas entretanto retirou a oferta
Banksy, o (des)conhecido e polémico artista de rua britânico, lançou um género de campanha política: criou uma impressão de edição limitada de uma obra da sua autoria que prometia enviar a todos os que votassem (e lhe enviassem uma foto do boletim de voto) contra o partido conservador nas eleições do Reino Unido.
O artista anunciou na sua página que ofereceria cópias de uma das suas obras a todos os eleitores que, na quinta-feira, dia 8 de Junho, votassem contra o partido conservador. Mas a oferta foi cancelada ontem (5 de Junho). "Fui alertado pela Comissão Eleitoral que a oferta de impressões invalidaria os resultados eletorais. Lamento informar que esta promoção legalmente duvidosa acaba de ser cancelada", pode ler-se.
As instruções, publicadas no website e instagram de Banksy, eram simples: os eleitores teriam que enviar uma fotografia do boletim de voto, a comprovar que não tinham votado no partido conservador e, em troca, o artista enviaria por correio a impressão da sua obra.
Ainda que não seja considerado ilegal perante a lei, a Comissão Eleitoral desencoraja a captura de fotografias dentro das assembleias de voto para proteger a confidencialidade do voto. Um porta-voz da Comissão Eleitoral chegou mesmo a advertir os leitores, numa declaração à BBC, contra a participação nesta espécie de “passatempo”: “Tirar uma fotografia dentro da assembleia de voto pode ser considerado ilegal, seja intencionalmente ou não”. Aliás, foram também vários os utilizadores a comentar a imagem publicada por Banksy no Instagram, que consideram que a ideia do artista poderá ser considerada, para além de ilegal, “contraproducente se os votos forem desqualificados”.
Na imagem, acompanhada da obra “The girl with the red baloon” (A rapariga com o balão vermelho) ligeiramente alterada – o vermelho do balão é substituído pela bandeira nacional do Reino Unido – pode ainda ler-se: “Lembrança especial para as eleições no Reino Unido. Uma nova e exclusiva obra de Banksy será lançada no dia 9 de Junho. Esta edição limitada de qualidade é completamente gratuita, mas está apenas disponível para eleitores registados. (...) Envia uma fotografia do teu boletim de voto no dia das eleições a mostrar que votaste contra o partido conservador e esta lembrança será enviada para ti via correio.”
No final deste anúncio pode ainda ler-se uma “nota de advogado”, que afirma que a "lembrança" tem como fim o material de campanha e que não constitui qualquer incentivo monetário para influenciar ou induzir a escolha dos eleitores, “é apenas para fins de diversão e não é possível revender a obra”. Os portes de envio, no entanto, não estavam incluídos.
Actualmente, o Partido Trabalhista foi o único partido político a mencionar, especificamente, no manifesto de eleições, as indústrias de arquitectura, design e arte, afirmando que dará voz a todos os sectores de actividade. “Ao contrário dos Tories (Conservadores), queremos garantir que que o Secretário de Estado da Cultura, da Media e do Desporto está representado no comité do gabinete do Brexit - para que nossas indústrias criativas tenham voz no governo sobre as decisões cruciais que afetarão as negociações da Brexit.”
Teresa May, primeira-ministra do Reino Unido e líder do Partido Conservador, anunciou as primeiras eleições antes do início das negociações do Brexit, o que poderá “diluir a influência” dos eurocépticos, tal como o Público noticiou. O partido vencedor deverá supervisionar, então, a saída do Reino Unido da União Europeia.
Banksy participa de forma activa na política do Reino Unido e são vários os trabalhos da sua autoria que criticam o Brexit. O artista anónimo criou um mural – um dos seus mais famosos trabalhos – em que a bandeira da União Europeia surge com uma das estrelas a ser destruída/estilhaçada por um trabalhador.