Assim que acordo os rituais são invariavelmente os mesmos: preparar torradas ou uma taça de iogurte e dividir o tempo e o afecto entre a fatia de pão e uns olhos pequeninos muito interesseiros. Numa dessas vezes, pus-me a pensar em como seriam as manhãs dos responsáveis pelo novo Acordo Ortográfico — assunto polémico, de resto.
Tendo escrito afecto e não querendo roubar letras a sentimentos nobres, assumo a minha posição e acrescento que me parece óbvio que as pessoas que formam estes grupos de trabalho (expressão pomposa que significa muito pouco em termos práticos), não tomam pequenos-almoços adequados nem dormem noites tranquilas.
Não foi pelo AO90 que o mercado brasileiro se abriu ao português ou, dito de outra forma, que os livros escritos em Português de Portugal passaram a ter mais receptividade além-mar. Este acordo não só tem os seus pressupostos gorados, como conseguiu a proeza de tornar diferentes mais de 500 vocábulos que antes se grafavam da mesma forma... quando a intenção era, vejam só, “esbater as diferenças ortográficas”, como diz Carlos Reis, uma das principais vozes a favor.
Nestes breves minutos matutinos, o focinho negro que já está pousado na minha perna não faz ideia do quão longe os meus pensamentos me levaram e eu ainda estou ali, a trincar a mesma fatia de pão, entretanto já fria.
Passaram-me também pela ideia os milhões de livros e materiais didácticos que serão inutilizados nas bibliotecas escolares, no caos implícito nas “facultatividades” (à vontade do escrevente) e nos PALOP, à mercê de uma grafia que só serve (e mal) dois países: Portugal e Brasil.
A tábua rasa que é feita da língua pode ir-se atirando para o Lince (ele próprio com dúvidas) e vamos resistindo até ao último segundo. Mas, e se nos opusermos para lá do tempo? Somos presos e açoitados? Senti-me levemente constrangida depois de ler “essas pessoas podem ter as opiniões que quiserem, mas têm de seguir o programa definido”, numa entrevista do professor supracitado ao Expresso.
O assunto, está bom de ver, nada tem que ver com papas de aveia que refrigeram toda a noite no frigorífico — e também não é igualmente prazeroso — mas quando acordamos não podemos ser demasiado exigentes. Nem connosco, nem com as pessoas que formam grupos de trabalho.
Do que precisas:
3 colheres de sopa de flocos de aveia (preferencialmente finos)
5 colheres de sopa de água
1 iogurte grego natural
1 colher de sobremesa (cheia) de sementes de chia
Vamos a isto:
1. Num frasco de vidro esterilizado, junta a aveia com a água e leva ao frigorífico cerca de 30 minutos.
2. Findo esse tempo, mistura o iogurte com a chia, adiciona ao preparado anterior e deixa repousar durante a noite no frigorífico.
3. De manhã, antes de comer, podes acrescentar outros ingredientes que gostes: fruta, mel e canela, por exemplo.