Rita criou um site "Adoeci" para unir quem tem a mesma doença

O Adoeci quer pôr doentes e familiares a partilharem experiências e testemunhos sobre patologias — sobretudo aquelas que não são compreendidas. Plataforma é projecto de jovem de 25 anos

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Shaun Best/Reuters

Para Rita Vilaça, “partilhar é o melhor remédio”: esta máxima pode ser aplicada a várias situações, mas a jovem que vive em Braga acha-a particularmente assertiva no que toca à saúde. Por isso criou, há três meses, uma plataforma online que promove a união de pessoas que tenham sido diagnosticadas com uma mesma doença.

O Adoeci quer viver da interacção dos utilizadores, que podem partilhar experiências, criar registos e “contribuir para a investigação científica da sua patologia”, diz a criadora do projecto. Com 25 anos, Rita é licenciada em Engenharia Biomédica, com um mestrado concluído em Bio-informática e outro a caminho, em Informática Médica.

A jovem na criação de uma plataforma do género, 100% gratuita, uma oportunidade de também aplicar alguns dos conceitos que tem estudado. “Há determinadas doenças em que as pessoas não se sentem compreendidas — nem sequer pelos próprios profissionais de saúde”, diz ao P3, pelo que a troca de testemunhos pode, de facto, ajudar. “É o caso da fibromialgia, por exemplo: mais do que perceber é importante encontrar alguém que compreenda a dor.”

Na área de comunidade, Rita espera que as pessoas vejam aqui uma espécie de fórum: são convidadas a interagir e partilhar e podem fazê-lo em grupos dedicados a certas patologias. Registando os dados relativos à doença, o utilizador pode ir controlando padrões como o estado de humor, o peso e a medicação que toma, bem como agendar exames e consultas (existe ainda a hipótese de envio de lembretes via e-mail). No blogue, Rita — que trabalha ainda no desenvolvimento de aplicações móveis na área da saúde e do fitness — aposta na “publicação de artigos sobre doenças e sobre investigação científica”.

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Rita gostava que as pessoas participassem mais no Adoeci, onde a partilha é muito importante DR

O principal objectivo do Adoeci — a partilha e interacção entre utilizadores — é, também, a sua principal dificuldade. Diz Rita que “as pessoas têm vergonha em falar destas coisas, acabam por não partilhar muito”. Se o projecto correr bem “e existirem mais dados sobre as doenças”, a jovem pensa em prosseguir com uma investigação académica sobre o caso, na medida em que pode compilar dados estatísticos sobre a comunidade.

Para já, o Adoeci conta com cerca de 90 registos, não necessariamente de doentes: familiares são também bem-vindos, “para aprenderem a lidar com os problemas”, explica. Rita procura, agora, parcerias com associações. Já surgiram duas, mas “as burocracias são muito difíceis de ultrapassar”.

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